O Modelo moçambicano de combate ao terrorismo em Cabo Delgado, nomeadamente o envolvimento das forças do Ruanda e da SADC, é bem visto pelos Chefes de Estado e de Governo de África, pelo facto de se encaixar no pensamento de que os problemas do continente devem ter soluções internas, antes de atravessar fronteiras.
À saída da 35.ª Assembleia-Geral Ordinária da União Africana, que terminou ontem, ao fim de dois dias de trabalho em Addis-Abeba, Etiópia, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que Moçambique recebeu, durante o encontro, mensagens de solidariedade no contexto do combate ao terrorismo, que em Moçambique já matou mais de 2500 pessoas e provocou pelo menos 850 mil deslocados.
O Chefe do Estado partilhou com jornalistas moçambicanos que, do relatório apresentado pelo Conselho de Paz e Segurança da União Africana durante a Cimeira, deu para entender que a organização está a acompanhar todos os passos que o país está a dar na luta contra o terrorismo.
“A União Africana está a participar e a colaborar connosco. Antes de empenharmos o Ruanda, por exemplo, estivemos a discutir com a SADC, por isso sempre dizemos que todas as forças e todos os apoios que vieram aconteceram sob a sombra da SADC. Não podíamos aceitar que o Ruanda viesse sem que tivéssemos conjugado o pensamento com a União Africana, que nos encorajou a prosseguir”, disse Filipe Nyusi.
Recordou que a força de alerta da organização continental e respectivos equipamentos estão disponíveis para serem usados por Moçambique. “Então, estamos a trabalhar também nesse sentido para ver se exploramos eficazmente esta oportunidade”, disse.
Para ilustrar o nível de preocupação da organização em relação a esta matéria, o Presidente da Repúblico citou, como exemplo, o facto de os Chefes de Estado e de Governo terem convocado para Maio uma cimeira extraordinária para Malabo, Guiné Equatorial, para debater o combate ao terrorismo e as mudanças inconstitucionais de governos, fenómeno que tende a recrudescer em África. Em 16 meses houve, no continente, três golpes de Estado – Mali, Guiné Conacri e Burquina Faso – além de uma tentativa na Guiné-Bissau.
O Chefe do Estado considerou de positiva a participação de Moçambique nesta cimeira, sobretudo porque, nas suas palavras, foi uma oportunidade para constatar que o país está cada vez mais a afirmar-se sob ponto de vista diplomático no continente e não só.
Esta conclusão pode ser demonstrada, segundo ele, pelo facto de durante a reunião de Addis-Abeba Moçambique ter conseguido manter encontros com diversas personalidades, com destaque para a subsecretária-geral das Nações Unidas, os presidentes em exercício da União Africana e da SADC, bem assim com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia.(x) Fonte:JNoticias