Empresários moçambicanos estão indignados com a onda de raptos nas principais cidades do país. Pedem, por isso, leis mais severas para os criminosos. E tomaram também, eles próprios, medidas.
Não há nenhum apelo que pare os raptos em Moçambique. Só nos últimos dois meses, dois empresários foram raptados.
Zuneid Calumias, vice-presidente da Confederação das Associações Económicas (CTA), diz que está agastado com o fenómeno e pede um endurecimento da legislação.
Para Calumias, o Código Penal deveria vedar o direito a caução para raptores. "De outra forma, os criminosos continuarão a sentir algum conforto no binómio custo-benefício. É preciso passar a informação de que o Estado e a sociedade não toleram o crime."
Clima de investimento
Esta segunda-feira (21.02), os empresários chamaram a imprensa para avisar que os raptos estão a prejudicar a economia moçambicana.
"A situação não pode continuar", afirma Zuneid Calumias, pois deteriora o ambiente de investimento, "induz à saída de capitais dos investidores que não se sentem seguros no país e isso reflete-se na perda de postos de trabalho e na capacidade de geração da renda."
A Confederação das Associações Económicas criou um pelouro de segurança e proteção privada por causa da onda de raptos e da insurgência no norte de Moçambique.
Além disso, a CTA "tem vindo a interagir com o Ministério do Interior e Ministério da Defesa nacional, quer a nível da liderança quer a nível técnico", para tentar resolver este problema.
A cooperação tem sido "impecável", comenta Calumias.
Nyusi critica agentes da polícia
O último rapto a um empresário ocorreu na baixa de Maputo, a menos de 50 metros de uma esquadra policial, o que indignou o Presidente da República, Filipe Nyusi.
"Como é que alguém sequestra ao lado de uma esquadra e há pessoas pedir socorro e não há nada? A nossa resposta deve transmitir uma mensagem clara aos agentes do crime para merecermos o respeito."
Reconhecendo o envolvimento de agentes da polícia na onda de raptos, Nyusi desafiou, na última sexta-feira (18.02), a corporação a adotar novos critérios de seleção de candidatos a polícias.
"Se não escolhem bem, aquele que vai emitir um bilhete, vai fazê-lo para uma pessoa que não é moçambicana ou para um criminoso, em nome diferente; se não escolhem bem, aí na migração, vai ser o elemento que é a porta de entrada de criminosos, incluindo terroristas. Se não escolhem bem, ninguém vai investigar o corrupto se ele próprio é corrupto", admoestou o chefe de Estado.(x) Fonte: DW