Um grupo armado, alegadamente de inspiração radical islâmica, voltou a invadir a tiros a aldeia quinto Congresso, em Chai, distrito de Macomia, incluindo uma posição local das Forças de Defesa e Segurança (FDS) e decapitou um agente de uma unidade especial da polícia, disseram à VOA neste sexta-feira, 25, testemunhas locais e autoridades.
O grupo rompeu com disparos de metralhadoras automáticas na madrugada da quarta-feira, 23, a aldeia Quinto Congresso, que fica dentro do cordão de segurança dos distritos recentemente libertados dos terroristas, tendo decapitado e roubado vários bens, num ataque reivindicado pelo Estado Islâmico.
O também deslocado do conflito em Cabo Delgado descreveu uma agitação entre os agentes que “vieram em três camiões carregados de agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR, uma unidade especial anti-motim da Polícia)”, para reforçar a posição atacada, já ao amanhecer.
“Mais tarde ouvi dizer que tinha sido decapitado um agente lá no quartel da UIR”, acrescentou, citando um agente da unidade atacada.
Um líder local, que falou na condição de anonimato, disse que “os insurgentes atacaram a aldeia Quinto Congresso, atacaram uma posição da UIR e força local, deixaram armas e eles (os insurgentes) levaram”.
Polícia reconhece
Numa nota posta a circular nas redes sociais, a 10a Sub-unidade de Intervenção Rápida, confirma a morte de “um guarda estagiário da Polícia, efectivo do Comando Provincial da PRM (Polícia da Republica de Moçambique) de Niassa, afecto à 6a Companhia Independente e que exercia as funções de patrulheiro, em missão de serviço no TON (Teatro Operacional Norte)”.
A nota que solicitava a transladação do corpo para Niassa, acrescenta que o agente “foi decapitado quando era 1:30 hora do dia 23 de Fevereiro de 2022, no ataque perpetrado pelos terroristas na zona de Quinto Congresso, no posto administrativo de Chai, no distrito de Macomia”.
Entretanto, na sua página na Internet o Estado Islâmico comunicou que o “Estado da Africa Central, com a ajuda de Deus Todo-Poderoso, os soldados do Califado atacaram com armas automáticas um quartel do exercito cruzado moçambicano, na aldeia cristã de Latmandi, na região de Macomia, em Cabo Delgado, o que resultou na morte e ferimento de vários deles e sua fuga”.
Apesar de divergir nos nomes da aldeia atingida há fortes indícios do ataque reivindicado pelo Estado Islâmico ser o mesmo confirmado pelas autoridades policiais moçambicanas.
Desde a sexta-feira, 18, de Fevereiro, o grupo tem sitiado a sede distrital de Nangade, quando atacou cinco aldeias até terça-feira, 22, na linha de fronteira com a Tanzânia, incluindo as posições da força de guarda fronteira, cortando todas as ligações por terra com os distritos de Mueda e Palma.
A insurreição, com inspiração radical islâmica, irrompeu em 2017, deixando pelo menos 3.500 mortos e cerca de 820.000 desalojados.(x) Fonte: VOA