Moçambique poderá produzir arroz suficiente para o seu consumo até o ano 2030, reiterou, hoje, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural. Na actual campanha agrária 2021/2022, o país espera produzir cerca de 239 mil toneladas do arroz, 15% acima da anterior.
“Importa referir que os crescimentos, tanto do ano passado como a projecção deste ano, sendo alcançada, estão em linha com as nossas projecções para que Moçambique possa, em 2030, atingir a auto-suficiência em termos de produção do arroz. Se continuarmos a crescer a uma média de 15%, poderemos assegurar que, em 2030, Moçambique possa produzir arroz suficiente para o seu consumo”, assegurou o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia.
Para tal, está em curso, neste momento, a elaboração do Programa Nacional de produção do arroz, referiu o governante que falava, hoje, no distrito de Limpopo, província de Gaza, durante a cerimónia do lançamento oficial da colheita do arroz, onde destacou o papel do uso de novas tecnologias na produção da cultura que está a aumentar os seus níveis de produtividade.
“Quando falamos de tecnologia, o que nos faz a diferença é sairmos do grão para a semente. Esses terrenos que estamos aqui a testemunhar resultaram do uso da tecnologia, nomeadamente, semente certificada e fertilizantes, que permitiu a produtividade sair de uma para sete toneladas e, agora, com essa tecnologia de mecanização, a perda pós-colheita, que, no passado, era consequência de usarmos o foice e outros mecanismos, pode ser mitigada”, disse Correia.
Depois de alcançar a auto-suficiência, o passo que se segue é melhorar a qualidade do arroz produzido e passar a exportar, revertendo, assim, o cenário de importações que tem tirado milhões de divisas do Estado.
“Pressionado pelo aumento do consumo, a importação de cereais em 2021 custou ao país cerca de 600 milhões de dólares americanos e o arroz contribuiu para cerca de 50%. Em outras palavras, o país consome cerca de 500 mil toneladas do arroz, dos quais 60% ainda são importadas”, revelou Celso Correia, em Gaza, província que poderá produzir 71 mil toneladas de arroz na presente campanha agrária, o que corresponde a 30% da produção nacional.
Na ocasião, falando dos impactos da guerra na Ucrânia em Moçambique, Correia disse que poderá trazer não só problemas de ruptura do trigo, mas também no abastecimento de fertilizantes. Celso Correia prevê ainda que tal situação precipite a subida dos preços no país.
“Este conflito, que surge na Europa, trouxe o problema de ruptura no abastecimento do trigo ou pode trazer. Igualmente, pode trazer o problema no abastecimento de fertilizantes, porque alguns países que estão envolvidos no conflito são grandes produtores a nível global destes dois factores de produção determinantes para o sucesso de qualquer prática da agricultura. Portanto, o que se pode esperar é, primeiro, esta ruptura, depois uma redução da produção e, consequentemente, a subida dos preços, tanto por razões especulativas, como por razões objectivas, que é a falta de fertilizantes que são importantes para a produção agrícola”, alertou o governante.
Em relação ao ciclone Gombe, que arrasou o Norte e Centro do país, Celso Correia diz que informação preliminar aponta para culturas alagadas e perda de produção de banana.
“Até agora, não há grandes danos, excepto na produção da banana que sofreu em grande medida e também algumas áreas que ficaram alagadas. Portanto, há trabalhos que estão a ser feitos a nível nacional, para termos a certeza que esta campanha chegue a bom porto”, garantiu.
Celso Correia diz que há um levantamento que está a ser feito dos estragos do mau tempo, mas sublinhou que, em distritos mais produtivos, designadamente, Ribaué e Lalaua, na província de Nampula, não há registos de grandes perdas. “Mas, Mossuril, Monapo, Muecate e Meconta tiveram, de facto, um impacto muito grande e, nos próximos dias, através das acções dos nossos governos locais, vamos ter mais informação”, prometeu Correia.(x) Fonte: OPais