Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe estão em Portugal para a Bolsa de Turismo de Lisboa. O objetivo é relançar o setor turístico depois da pandemia da Covid-19, com ofertas renovadas e garantias de segurança.
O turismo em Moçambique tem resistido aos efeitos negativos da Covid-19, apesar dos muitos prejuízos, afirma Fredson Bacar, vice-ministro da Cultura e Turismo de Moçambique.
"Temos plena consciência de que, durante este período, aqueles que se mantiveram, não se mantiveram para fazer lucro", admite Bacar em declarações à DW África, à margem da Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) que decorre em Portugal até 20 de março.
A pandemia provocou quedas acentuadas nos movimentos turísticos e no volume de receitas do setor em todo o mundo. Como consequência, Moçambique assistiu ao encerramento de empreendimentos turísticos, além do forte impacto social da pandemia.
"Várias famílias ficaram privadas de rendas por conta de despedimentos, da rescisão ou da renegociação dos contratos dos seus dependentes", precisa o governante, destacando o esforço dos empresários de hotelaria e turismo "que tudo fizeram para conservar os empregos dos seus trabalhadores e manter funcionais os seus empreendimentos".
BTL regressa dois anos depois
Com a reabertura dos mercados e, sobretudo das fronteiras, Moçambique voltou à BTL, feira temática anual que esteve de portas encerradas em 2020 e 2021 por causa da crise sanitária mundial.
"A nossa presença aqui é mesmo para reafirmarmos que o turismo é uma das áreas prioritárias do Governo de Moçambique. Precisamos de continuar a apostar na promoção do nosso destino turístico", frisa Fredson Bacar. "A nossa expectativa é que o setor privado possa interagir e estabelecer parcerias de negócio", acrescenta.
Relativamente à questão da insegurança, o governante reconhece que o terrorismo é uma ameaça, mas assegura que "em Cabo Delgado ainda se faz turismo" e que nem todos os distritos da província sofrem da instabilidade causada pelos ataques de grupos terroristas armados.
"Na zona de Pemba, em Mecufe, há regiões que não estão afetadas pelo terrorismo. As estruturas governamentais, as empresas públicas e privadas estão a funcionar normalmente", garante.
Procura grande por destinos da Guiné-Bissau
Para Fernando Vaz, ministro do Turismo e porta-voz do Governo da Guiné-Bissau, a retoma do setor turístico naquele país irá acontecer com "normalidade".
"Neste momento estamos a ter uma procura bastante grande, após uma quase hecatombe total. E isso é animador para os nossos operadores e para os nossos hoteleiros. Penso que as coisas vão acontecer", adianta Vaz. "O próprio Governo investiu muito na promoção do país como destino turístico e isso está a gerar frutos", afirma.
"Nós somos procurados por quase todos os países do mundo, particularmente os países da Europa. A incidência da Covid-19 na Guiné-Bissau é um caso de estudo porque foi muito pequena", recorda. "Desde que começou a pandemia, são cerca de 100 o número de mortes e pouco mais de sete mil casos. Portanto, isto comparativamente com o resto do mundo é zero. É uma vantagem que nós temos", estima.
O governante destaca os vários incentivos fornecidos pelo Executivo em Bissau para atrair investimento externo, entre os quais a isenção de taxas e impostos aduaneiros. Vaz desvaloriza, por outro lado, a recente tentativa de golpe de Estado e afirma que a estabilidade é fundamental para o crescimento da economia guineense. "O objetivo é, nos próximos cinco anos, que o turismo passe a contribuir com 25% das receitas para o PIB", esclarece.
Durante uma conferência na BTL, o ministro exortou os empresários a investirem na Guiné-Bissau. "É um país onde os vossos investimentos estão garantidos", assegurou.
São Tomé e Príncipe promove novas rotas
O arquipélago de São Tomé e Príncipe também assiste à retoma do turismo, depois de várias medidas que incluíram ações de formação e de prevenção sanitária no âmbito da pandemia.
"Para além dessas formações, também criámos algumas rotas para promover o turismo sustentável em São Tomé e Príncipe", diz Shellita Viegas, diretora de Promoção e Atividades Turísticas. "Tanto é que fazemos [esta sexta-feira, 18.03] um workshop relacionado com a biodiversidade em São Tomé e Príncipe e também [sobre] a valorização dos produtos locais", indica.
Shellita Viegas diz que São Tomé e Príncipe é um destino seguro, tanto mais que os casos de Covid-19 diminuíram significativamente nos últimos tempos. "Temos mais de 54% da população já vacinada", acrescenta. "Acredito que estamos preparados para receber os turistas".
No grupo dos países lusófonos de África, Angola e Cabo Verde não estão representados na edição deste ano da BTL.(x) Fonte: DW