A companhia estatal de telefonia móvel TMCEL vai despedir mil trabalhadores como parte da estratégia para sair da crise em que se encontra mergulhada, com uma dívida de cerca de 300 milhões de dólares.
O Centro de Integrida Pública (CIP) alerta para prudência e transparência na indemnização dos trabalhadores e há também quem defende a ideia de que privatização seria uma boa alternativa.
O presidente do Conselho de Administração da TMCEL, Momade Rafique, defendeu a redução da força laboral com a necessidade de diminuir as despesas com os salários dos cerca de dois mil trabalhadores que a empresa possui.
A comissão parlamentar do Orçamento foi inteirar-se da situação da TMCEL e ouviu de Rafique que, "neste momento, nós temos mais custos do que receitas, e esta é uma fórmula para um fracasso e até ao fim de 2022, temos que ter mil trabalhadores".
Algumas correntes de opinião duvidam que a redução do número de trabalhadores resulte, efectivamente, na viabilização da empresa e defendem a tese de que o Estado não deve fazer negócios, mas sim facilitar negócios.
"A TMCEL não está a conseguir competir com as empresas privadas que operam nesta área, penso que uma privatização não seria uma má solução", defende o analista político Francisco Ubisse.
Para o economista António Francisco, até pode não se privatizar a companhia ou outras do sector público, "mas você tem que as viabilizar, com base em critérios de geração da capacidade produtiva, para que não fiquemos sempre reféns de situação de aperto completo".
O também economista e antigo ministro dos Transportes e Comunicações Tomás Salomão diz ser inconcebível que uma empresa de telefonia móvel como a TMCEL esteja em situação de crise, depois dos grandes investimentos feitos.
"A TMCEL é uma empresa com um potencial enorme", realça o antigo governante, anotando que aquilo que os principais custos e investimentos na infraestrutura foram feitos, sendo que "é necessário que os gestores voltem a repor a empresa no lugar, para que ela seja opção número um dos cidadãos, até por ser uma empresa nacional".
Por seu turno, a economista e pesquisadora do Centro de Integridade Pública (CIP) Leila Constantino diz que o redimensionamento da massa laboral é um ponto a observar, mas a questão principal é avaliar o desempenho ou a capacidade dos trabalhadores que vão ficar na empresa.
Aquela economista é da opinião de que estes despedimentos vão ter que ser acompanhados pelos devidos processos de indemnização, "para não termos um caso semelhante ao da empresa Correios de Moçambique, em que ninguém está a dizer o que está a acontecer, nem como é que se vai fechar este processo".
Leila Constantino defende ser "preciso observar todos os aspectos referentes aos despedimentos, para não lesar os próprios trabalhadores e salvaguardar a integridade da empresa".(x) Fonte: VOA