O Museu Samora Machel, inaugurado hoje em Lobatse, é resultado de um acordo entre Moçambique e Botswana fechado em 2016. A infra-estrutura aberta ao público custou cerca de 600 mil dólares.
O nome Samora Machel está estampado numa das paredes de um edifício histórico em Lobatse, distrito de South East, Botswana. É onde o primeiro Presidente de Moçambique viveu durante três meses, em 1963. Samora Machel chegou àquele local fugindo do regime colonial português e pretendia chegar à Tanzânia, onde ia se juntar à Frente de Libertação de Moçambique.
Hoje, a casa de passagem de Samora em Lobatse, foi transformada em museu com o seu nome.
A infra-estrutura foi inaugurada pelos chefes de Estado moçambicano e tswana, Filipe Nyusi e Mokgweetsi Masisi, respectivamente.
Os dois estadistas não só inauguraram, como também se tornaram nos primeiros visitantes do Museu, ao apreciar os vários compartimentos e a sua mobília (fardamento militar, fotografias ilustrando vários momentos da história africana de luta de libertação nacional e outras).
Entretanto, enquanto isso acontecia, o lado externo do Museu estava abarrotado de pessoas, quer moçambicanas, quer tswanas, que aguardavam pelo momento das intervenções.
“Botswana, perante várias adversidades e limitações impostas pelas circunstâncias prevalecentes durante os anos 60, principalmente decorrentes dos actos de desestabilização do então regime do Apartheid e da presença do colonialismo na nossa região abriu seu território para acolher e servir de ponto de passagem, e ao mesmo tempo de retaguarda segura para vários nacionalistas de movimentos de libertação”, reconheceu Filipe Nyusi, destacando que Lobatse serviu de base de projecção nacionalistas da Frelimo, ANC, entre outros. Mais importante, Nyusi espera que o Museu sirva como local onde pessoas de vários países vão buscar memórias dos feitos notáveis dos nacionalistas africanos.
Na sua vez de intervir, Mokgweetsi Masisi mostrou gratidão à família que recebeu Machel em Lobatse, na casa hoje transformada em Museu e diz que lado a lado, as partes revelaram a paz e união que se pretende entre os países.
“Aproveito a oportunidade para expressar minha sincera gratidão ao Sr. Kgaboesele e a sua família pelo imenso papel e pela contribuição para actos de maior envergadura. A sua decisão, em 1963, de alojar Samora Moisés Machel, ex-Presidente de Moçambique, foi profunda e fascinante, como demonstrado quando defendiam (os dois) o que eles queriam, tal como Botswana deseja, ou seja, a paz, compaixão, pan-africanismo, justiça e autodeterminação”, disse Masisi.
Em representação da família Machel, esteve o filho do primeiro Presidente da República, Samora Machel Júnior, que disse que a infra-estrutura mostra que Moçambique e Botswana caminham ‘de mãos dadas’ e que a união irá prevalecer.
“Isto é um sinal de quão interligadas as lutas de libertação da região (Austral de África) ”, disse Samora Júnior. De resto, o evento foi de festa, tendo havido momentos culturais que obrigaram os dois estadistas a dançarem.
A construção do Museu Samora Machel, que compreende dois pisos, teve a comparticipação de Moçambique e Botswana, sendo que cada país comparticipou com cerca de 300 mil dólares.(x) Fonte: OPais