Grande parte dos jovens em Moçambique sente-se excluída da política, conclui um estudo do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD). Partidos políticos procuram soluções com olhos postos nas autárquicas de 2023.
Um estudo do Instituto para a Democracia Multipartidária (IMD) indica que 85% dos jovens moçambicanos que são militantes de partidos sentem-se excluídos dos órgãos internos de decisão. Os jovens queixam-se que só são chamados a participar na altura das campanhas eleitorais.
Fora dos partidos, a realidade não é muito diferente, sendo que muitos temem filiar-se ou participar em eventos políticos por temerem perseguições, raptos e até mortes, de acordo com o referido estudo.
À procura de soluções
As conclusões desta investigação levaram políticos e sociedade civil a reunir-se esta quinta-feira (14.04), em Maputo, para tentar encontrar soluções para a fraca participação da juventude na política moçambicana.
"Isso passa necessariamente por colocar os jovens nas listas e em posições que lhes permitam uma possível eleição", disse o diretor de programas do IMD, Dércio Alfazema.
Apesar das conclusões do estudo, os partidos entendem, no entanto, que se dá espaço suficiente a todos os membros e simpatizantes nos eventos políticos.
"A RENAMO nunca colocou de parte os jovens, nem está em questão a sua representação, por exemplo, nas listas para concorrer. A solução é que o país tem que enveredar por eleições livres, justas e transparentes", afirmou José Manteigas, porta-voz da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
Ismael Nhacuecue, porta-voz do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), sublinha que o seu partido foi criado com o enfoque nos interesses dos jovens.
"Já estivemos em situações melhores, hoje nem por isso. O partido reconhece isto. Criou condições para inserir jovens nos seus órgãos, para que tenham a possibilidade de, nesses órgãos, poderem discutir a sua participação e apresentar as melhores propostas sobre como devem ser representados", comentou.
Espaço para todos?
A Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) entende que todos os membros e simpatizantes têm espaço para participar nos debates políticos.
"A adesão é máxima e o interesse também. O que nós podemos eventualmente discutir é se os jovens simpatizantes da FRELIMO estão todos eles filiados à OJM [Organização da Juventude Moçambicana]", considerou o representante do partido no poder no evento de quinta-feira, Egídio Vaz.
"Uma coisa é estar abertamente a discutir e outra coisa é ir filiar-se à causa social e pagar quotas", asseverou.
O debate sobre a inclusão dos jovens nos órgãos de governação acontece tendo em vista as eleições autárquicas marcadas para 11 de outubro de 2023.(x) Fonte: DW