O mau atendimento nos hospitais deve-se à fraca qualidade de ensino em alguns institutos de formação, associado à perda de valores na sociedade, reconheceu o ministro da Saúde. Para acabar com a situação, Armindo Tiago diz que todos os profissionais serão obrigados a portar crachás para que os utentes identifiquem, com nomes, os maus profissionais. O Ministro respondia aos deputados, hoje, durante a sessão de Perguntas ao Governo.
Mais uma vez a questão do mau atendimento ao público nas unidades sanitárias foi levada à plenária e exigiu-se explicações do ministro da Saúde, ao que Armindo Tiago reconheceu o problema.
“Acreditamos que a ocorrência de episódios de mau atendimento seja resultado da perda progressiva de valores na nossa sociedade e no sector. Estamos a perder valores básicos como o respeito, a empatia e a compaixão”, disse o ministro.
Na visão do dirigente, é preciso que a sociedade olhe um para outro com o devido respeito e consideração. Só assim sentirá remorso ao tratar mal outrem.
Mas Tiago não parou por aí. “A proliferação de instituições de ensino na área de saúde, sem condições adequadas para garantir formação de qualidade, incluindo infra-estruturas, laboratórios de habilidades, campos de estágios e corpo docente competente”, acrescentou.
Armindo Tiago disse, ainda que há evidências de que não é um mal generalizado, por isso é preciso haver cautela, pois “estamos em crer que a maior parte dos profissionais de saúde não compactua com os comportamentos desviantes e, mesmo em contexto de adversidades, continua a primar pelo cumprimento zeloso da sua nobre missão que é de salvar vidas”.
Diante de uma realidade que constitui preocupação para o sector, o ministro da Saúde avança algumas medidas que, segundo acredita, poderão reduzir em grande medida a incidência de maus tratos nas unidades hospitalares.
“Reintroduzir a figura de acompanhante no conceito de parto humanizado, divulgar a carta de direitos e deveres dos doentes, melhorar canais para que as queixas/petições sejam nominais e os queixosos sejam protegidos (confidencialidade), Garantir que cada profissional de saúde esteja correctamente identificado”, explicou.
Para quem forma, o sector vai rever os critérios de acreditação, aumentar os conteúdos sobre ética e moral e definir critérios de admissão que privilegiem a vocação.
Falando do polémico caso da falta de camas no Hospital de Nampula, Tiago disse que aquela unidade não tem capacidade de responder à demanda actual.
“O Hospital Central de Nampula tem uma capacidade de internamento de 550 camas, sendo 226 de Pediatria e 91 de Ginecologia-Obstetrícia, para uma população de mais de 1 milhão de habitantes na cidade de Nampula. Este número de camas do Hospital Central de Nampula é inferior ao definido nos padrões dos hospitais centrais aprovado pelo Ministério da Saúde em 2021, que é de 700 a 1200 camas”.
Diante disso foram tomadas algumas medidas, para médio e longo prazo.
“Como soluções a curto prazo foram identificadas unidades sanitárias satélites: o Hospital Geral de Marere (102 camas), Centro de Saúde Muala-expansão (44 camas) e o Centro de Saúde de Namiepe (44 camas) com uma capacidade adicional de 190 camas. Recursos adicionais estão a ser alocados para garantir a funcionalidade plena destas Unidades sanitárias. Adicionalmente, a médio prazo a expansão da rede sanitária e respectiva capacidade de internamento vai aumentar com a conclusão e entrada em funcionamento do Hospital Geral de Nampula com 400 camas”, explicou.
Mas, a longo prazo está prevista a construção de um Hospital Materno-infantil com capacidade para 450 camas, “sendo 300 para Pediatria e 150 para Ginecologia-Obstetrícia, actualmente em negociação com potenciais financiadores” concluiu.
Para melhor responder aos desafios do sector, o Ministério da Saúde elaborou um plano de formação acelerada de profissionais de saúde no horizonte 2022-2030. Para o efeito, a formação de profissionais deixará de ser feita apenas nos Hospitais Centrais e no hospital Provincial de Tete, mas para todo o país.(x) Fonte: OPais