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sexta-feira, 06 maio 2022 05:20

Gás nacional capaz de satisfazer procura internacional

O gás de Moçambique tem potencial para satisfazer a procura regional e internacional, segundo a Câmara Africana de Energia, que afirma, igualmente, que os atrasos no desenvolvimento de projectos de gás causados pela instabilidade política no país continuam a travar a expansão do mercado visado.

O crescimento do mercado de gás de Moçambique em 2022 e anos seguintes será uma mudança de jogo para o mercado africano de hidrocarbonetos e ajudará a colocar o continente numa trajectória de se tornar um centro energético global, de acordo com as Perspectivas da Câmara Africana de Energia 2022.

Numa altura em que a produção de gás em toda a África precisa de aumentar para satisfazer a crescente procura de energia, factores, como o financiamento inadequado em novas actividades de exploração e produção (E&P) e a diminuição da produção em projectos antigos, estão a desafiar a capacidade dos países africanos produtores de hidrocarbonetos para expandir a produção de gás.

Contudo, projectos e investimentos de grande escala realizados em Moçambique, com os seus 100 triliões de pés cúbicos de reservas, podem ajudar a expandir o mercado do gás em África.

Segundo a Câmara Africana de Energia, os níveis de oferta e procura entre 2022 e 2025 sugerem que existe oferta suficiente de Gás Natural Liquefeito (GNL), para satisfazer a procura crescente, à medida que novos projectos entram em linha no ano corrente, assim como o projecto de Gás Natural Liquefeito Flutuante de Coral (FLNG) em Moçambique.

A Coral FLNG, compreendendo aproximadamente 450 mil milhões de metros cúbicos de gás no Campo Sul de Coral na Área 4 na Bacia do Rovuma ao largo da costa de Moçambique, permitirá ao país produzir 3,4 milhões de toneladas por ano (mtpa) de gás para exportar à Europa e Ásia em 2022.

Além disso, os projectos de 12,8 mtpa de GNL da TotalEnergies Moçambique e de 15,2 mtpa de GNL da Eni e ExxonMobil Rovuma têm o potencial de transformar o mercado regional de gás, posicionando Moçambique como um exportador de gás altamente competitivo. Apesar de ambos os projectos terem sido adiados, estão a ser feitos progressos para que regressem ao bom caminho.

De acordo com o Centro de Energia para o Crescimento, o gás de Moçambique poderia trazer 50 mil milhões de dólares em investimentos estrangeiros e permitir ao Governo colher 95 mil milhões de dólares em receitas nos próximos 25 anos, com as políticas e investimentos correctos em vigor, bem como um ambiente político atractivo para o capital.

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento avança que Moçambique pode, também, utilizar as suas reservas de energia para reduzir a pobreza energética, uma vez que a percentagem da sua população, que vive sem acesso à energia fiável, continua a aumentar de 19,6 milhões em 2007 para mais de 21 milhões em 2017.

Segundo o presidente-executivo da Câmara Africana de Energia, NJ Ayuk, as reservas de gás de Moçambique têm o potencial para combater a pobreza energética em toda a região da África Austral, ajudando os países vizinhos, como o Zimbabwe, Botswana, Malawi e África do Sul, a satisfazer a procura pelo gás.

“No entanto, a instabilidade política no país e a falta de investimento em infra-estruturas facilitadoras terão de ser abordadas para que Moçambique se torne num dos 10 maiores exportadores mundiais de GNL”, declarou NJ Ayuk, presidente-executivo da Câmara Africana de Energia.

Apesar de possuir vastas reservas de gás, o progresso de Moçambique no desenvolvimento e na monetização continua a ser lento. Isto realça uma necessidade crescente de o Governo criar um ambiente político favorável que permita aos investidores e às grandes empresas internacionais participarem no mercado. A este respeito, a cimeira anual de investimento da Câmara Africana de Energia (AEC), African Energy Week (AEW), que terá lugar na Cidade do Cabo de 18 a 21 de Outubro de 2022, irá discutir medidas que o Governo de Moçambique pode implementar para acelerar o desenvolvimento da sua indústria do gás.

A African Energy Week 2022 acolherá painéis de discussão e reuniões de alto nível sobre o papel da indústria de gás de Moçambique no combate à pobreza energética em todo o continente africano e como o país pode criar um regime de capital atractivo para impulsionar o seu mercado.

A African Energy Week 2022 é a conferência anual da Câmara Africana de Energia, exposição e evento em rede. Este evento une as partes interessadas africanas na energia com investidores e parceiros internacionais para impulsionar o crescimento e desenvolvimento da indústria e promover África como destino de investimentos energéticos.

Organizações-chave, como a Organização Africana de Produtores de Petróleo, bem como pesos pesados africanos, incluindo a Guiné Equatorial e a Nigéria, estabeleceram parcerias com a African Energy Week, reforçando o papel que o evento irá desempenhar no futuro energético de África.(x) Fonte: OPais

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