Filipe Nyusi manifestou o interesse de recorrer à China para financiar a reabilitação da Estrada Nacional nº1. A EN1 tem sido palco de graves acidentes, com várias mortes e quase sempre envolvendo transportes coletivos.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, manifestou esta segunda-feira (04.07) o interesse de recorrer à China para a obtenção do financiamento para reabilitação da Estrada Nacional n.º 1, principal do país, e da construção da nova sede da Assembleia da República.
A intenção de Filipe Nyusi foi anunciada pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Macamo, em declarações após um encontro de cortesia entre o chefe de Estado moçambicano e o membro do 'bureau' político e diretor do gabinete da comissão dos Negócios Estrangeiros do Comité Central do Partido Comunista da China, Yang Jiechi.
"O Presidente falou da necessidade de apoio à reabilitação da Estrada Nacional n.º 1, que todos nós sabemos que liga o nosso país de lés a lés", declarou Verónica Macamo. Na reunião, o chefe de Estado também abordou o interesse de contar com o financiamento chinês para a construção da sede da Assembleia da República, acrescentou Macamo.
Infraestruturas de grande vulto
A Assembleia da República pretende construir uma cidade parlamentar na margem norte da baía de Maputo, com um novo hemiciclo e apartamentos para os deputados, cuja maioria vive em residências arrendadas, quando se deslocam à capital do país para sessões plenárias.
A China financiou nos últimos anos infraestruturas públicas de grande vulto em Moçambique, como a Estrada Circular de Maputo, Estádio Nacional do Zimpeto e um novo Aeroporto Internacional de Maputo.
As autoridades moçambicanas estimam em 750 milhões de dólares (718 milhões de euros) o montante necessário para a reabilitação e manutenção da Estrada Nacional n.º 1, que tem uma extensão de mais de 2.400 quilómetros e liga as três regiões do país, nomeadamente sul, centro e norte.
Em abril, quando anunciou a intenção de reabilitar a EN1, o Governo moçambicano indicou que o valor necessário para a reabilitação, que inclui a construção de um total de 13 portagens e que vai incidir numa extensão de 1.300 quilómetros dos 2.477 quilómetros que a rodovia possui, seria disponibilizado pelo Banco Mundial.
Acidentes preocupam autoridades
No final do mês passado, o Governo moçambicano manifestou-se preocupado com a degradação da principal estrada moçambicana, dias após um acidente de viação que tirou a vida de 13 pessoas naquele troço.
"Há um trabalho que está a ser feito de levantamento dos valores necessários para a reabilitação deste troço", declarou à comunicação social o porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze, momentos após uma reunião do órgão na Presidência moçambicana em Maputo.
Em causa estava o acidente de viação que tirou a vida de 13 pessoas e feriu outras seis a 24 de junho, no distrito da Manhiça, ao longo da Estrada Nacional 1, segundo os dados avançados pelas autoridades.
A EN1, a única estrada que liga o sul, centro e norte de Moçambique, tem sido palco de graves acidentes de viação, com várias mortes e quase sempre envolvendo transportes coletivos. No mesmo local onde ocorreu o acidente a 24 de junho, 32 pessoas morreram há um ano, quando dois camiões e um autocarro se envolveram numa ultrapassagem irregular.
Em novembro de 2021, outras 17 pessoas morreram no mesmo distrito, num acidente entre transportes coletivos. A 22 de janeiro deste ano, 28 pessoas morreram na EN1 na província da Zambézia, centro de Moçambique, num acidente que envolveu um veículo de mercadorias e um ligeiro de transporte coletivo.(x) Fonte: DW