Organização das Nações Unidas vai investigar uma série de violações contra crianças em Moçambique e noutros países com conflitos armados. "Gravidade e número de violações" em solo moçambicano preocupam, diz a ONU.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, incluiu Moçambique numa lista de países em conflito que serão monitorizados pela ONU devido a violações contra crianças, incluindo assassinatos, recrutamento, abuso sexual e outras formas de violência.
Nesta lista também foram incluídos países como a Ucrânia, que desde 24 de fevereiro enfrenta a invasão russa, a Etiópia, além da região do Sahel. Outros 21 países já são monitorizados devido à mesma situação.
A informação foi avançada na segunda-feira (11.07) com a divulgação do relatório anual do secretário-geral da ONU ao Conselho de Segurança.
No caso específico de Moçambique, Guterres disse que o país entrou na lista de observação da ONU devido "à gravidade e ao número de violações relatadas" no conflito em Cabo Delgado, incluindo o recrutamento e utilização de crianças na luta armada, assassinatos e mutilações, violações e outras formas de violência sexual, ataques a escolas e raptos.
"Violações graves" contra crianças em 2021
A ONU disse ter verificado quase 24.000 "violações graves" contra crianças em 2021, em todo o mundo.
Os números mais elevados de violações no ano passado foram os 2.515 assassínios e 5.555 ferimentos em crianças, seguidos do recrutamento e utilização de 6.310 jovens em conflitos, informou o relatório, sem avançar detalhes dos locais destas estatísticas.
No ano passado, segundo o relatório, o número de raptos de crianças aumentou em mais de 20% e os casos de violência sexual contra crianças continuaram a aumentar, também em mais de 20%.
O número mais elevado de "violações graves" verificadas pela ONU registou-se no Afeganistão, República Democrática do Congo, Israel, Palestina, Somália, Síria e Iémen, afirmou o relatório.
Apesar dos dados divulgados, a Human Rights Watch e outras organizações de defesa dos direitos das crianças e jovens criticaram a ONU por não ter fornecido qualquer informação significativa sobre as violações contra crianças na Ucrânia, Etiópia e Moçambique.(x) Fonte: DW