Estima-se que no primeiro semestre de 2022, cerca de 12 mil crianças com idade compreendida entre 10 à 17 anos foram sujeitas a exploração do trabalho infantil na capital da província de Cabo Delgado, uma situação que preocupa as autoridades locais e a sociedade civil.
Julieta Eurico e Nito Fonseca, ambos vendedores do mercado grossista do bairro Alto-Gingone em Pemba, consideram a exploração do trabalho infantil como sendo um atentado contra os direitos das crianças.
"Quem deve fazer o negócio ou vender nas ruas é a pessoa adulta e não a criança, devemos mandar os meninos irem à escola estudar e não vender nos passeios, porque quando eles vêm ao mercado, não terão intenção de estudar, como sabem vender vicia, e vão abandonar as aulas por causa disso" - Disse Julieta Eurico, Vendedora do mercado de Alto-Gingone em Pemba.
"Numa situação dessas, o governo deve tomar medidas de vigiar as ruas e mercados para saber se existem crianças a venderem ou não, as vezes o governo pode ter essa culpa como autoridade competente, podem sensibilizar as pessoas para acabar com isso" - Disse Nito Fonseca, Comerciante em Pemba.
É uma situação considerada caótica que mereceu a atenção da sociedade civil e a Organização da Juventude Moçambicana (OJM), num seminário sobre os diferentes males que atentam contra a vida infantil realizado esta Quarta-feira, dia 12 de Outubro de 2022, na Cidade de Pemba.
"Há crianças sem condições, os pais não têm condições e preferem mandar a criança ao mercado ir vender do que ir à escola, há crianças aqui em Pemba que não estudam por causa de vender nas ruas" - Disse Filipe Santos, Presidente do Parlamento Infantil na Cidade de Pemba.
"Uma das mensagens que nós como Conselho Distrital da OJM em Pemba queremos deixar para os Pais ou Encarregados de Educação, que primeiro dê a continuidade da observância da vida da propria criança estamos a falar na parte da educação, que deixem as crianças estudarem, se nos deixarmos essas crianças a estudar, estaremos à destruir o futuro delas" - Disse, Mauro Junior, Secretário do Conselho Distrital da OJM em Pemba.
A Zumbo FM Noticias entrou em contato com as autoridades locais para debruçar-se sobre o assunto, em resposta, o representante do Serviço Provincial de Justiça e Trabalho em Cabo Delgado, Francisco Inácio, mostrou-se preocupado com o fenómeno.
"A mensagem que nós sempre deixamos é de repudiar, dizendo Não ao Trabalho infantil, não pode constituir aqui a questão de pobreza como o motivo de envolvermos as crianças a venda ambulante, porque que o Pais ou Encarregados de Educação não vão vender , porque estão a mandar a criança, e por sua vez o governo está a envidar esforços de forma a defender e garantir os direitos das crianças, e o Encarregado de educação proibir a sua criança ir vender nos mercados" - Disse Francisco Inácio, Representante do Serviço Provincial de Justiça e Trabalho em Cabo Delgado.(x)
Por: Morais Selemane