Cerca de 200 famílias deslocadas na Gorongosa, no centro de Moçambique, abandonaram as tendas militares onde estavam alojadas e começaram a construir pré-fabricados. A maioria queixa-se também da falta de alimentos.
As duas centenas de famílias decidiram abandonar as tendas militares e erguerem as suas próprias casas com material de pouca resistência, devido às más condições das cabanas e dos acampamentos para deslocados na Gorongosa, província de Sofala.
O Governo local disponibilizou os terrenos e forneceu algum material de construção para a edificação dos pré-fabricados.
As altas temperaturas e as pequenas dimensões das antigas cabanas dificultavam a vivência das duas centenas de famílias. Estas tendas tinham sido disponibilizadas, em dezembro de 2013, pelo Governo para abrigar as famílias deslocadas devido ao conflito armado na Gorongosa, entre a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e as forças militares de Moçambique.
"Quando entrámos nestas tendas, deparámo-nos com uma situação difícil. As tendas estavam muito quentes, era bastante difícil para dormir à noite ou para estar a descansar com as crianças", adianta Biliabeco Bernardo, responsável pelo bairro Nhantaca 2.
Fome generalizada
Os deslocados estão sem abastecimento alimentar desde agosto, altura em que as doações que eram feitas de 15 em 15 dias foram suspensas sem justificação ou motivo aparente.
"Agora ninguém recebe comida", alerta Biliabeco Bernardo.
Regressar à zona de origem está também fora de questão para estas pessoas, pelo menos por agora. "Ainda temos medo, porque [os homens da RENAMO] ainda têm armas. Eu saí de lá porque era procurado para ser morto", diz Biliabeco Bernardo.
Nas últimas semanas, a tensão e o medo aumentaram na população devido à movimentação de homens armados da RENAMO.
Comissão Política da RENAMO reunida
Estes homens armados constituem a guarda de Afonso Dhlakama e pretendem garantir a segurança do líder. No domingo e segunda-feira (21.12 e 22.12), a Comissão Política deste partido esteve reunida na Gorongosa, onde insistiram na ideia da criação de um Governo de gestão em Moçambique.
O mesmo órgão do partido decidiu ainda pedir ajuda internacional para dar resposta às necessidades das populações carenciadas de algumas regiões do país.(x) Fonte: DW