O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, está preocupado com a situação securitária no Mali. E lamenta a ausência de progressos significativos nos inquéritos aos ataques dirigidos aos "capacetes azuis".
Num relatório trimestral enviado recentemente ao Conselho de Segurança da ONU, divulgado segunda-feira (04.01) pela agência noticiosa AFP, o chefe da ONU afirma-se preocupado com a "instável situação securitária e em deterioração" no centro e no norte do Mali. "Exorto as milícias, os movimentos extremistas violentos e outros grupos armados a cessarem imediatamente a violência e as atividades de destabilização", afirmou.
O secretário-geral da ONU lamenta em particular "a ausência de progressos significativos" nos inquéritos relacionados com os ataques dirigidos aos "capacetes azuis". "Os crimes contra os soldados da paz que contribuem para os esforços de estabilização da situação no Mali, num contexto securitário muito difícil, não devem ficar impunes", insistiu.
No decurso dos últimos três meses, "a situação em termos de segurança continuou a deteriorar-se", em particular no centro, revelou António Guterres no seu relatório. "No norte, os grupos extremistas violentos permanecem ativos", acrescentou.
Paradoxalmente, assinala no decurso deste período "uma redução do número de ataques contra os civis", na sua perspetiva motivada "pela diminuição da mobilidade durante a estação das chuvas, ao aumento do ritmo das operações da MINUSMA [a força de "capacetes azuis" da ONU] e a um conjunto de esforços de mediação locais apoiados pela Missão" das Nações Unidas.
A MINUSMA integra atualmente 14.500 militares e polícias deslocados no Mali. Para além das forças nacionais malianas, estão ainda ativas no país três outras forças: a operação militar francesa Barkhane, a missão europeia Takuba constituída por forças especiais e a coligação militar G5 Sahel, formada por soldados provenientes de cinco países do Sahel (Mali, Níger, Chade, Mauritânia, Burkina Faso).
Militares franceses mortos no Mali
Dois soldados franceses foram mortos no sábado (02.01) por um engenho explosivo improvisado (IED, na sigla em inglês), no nordestedo Mali. As mortes ocorreram depois de outros três militares franceses terem sido mortos em circunstâncias similares - o IED é acionado à passagem da viatura com os militares - em 28 de dezembro.
O Presidente Emmanuel Mácron "soube com grande tristeza" das mortes na região de Ménaka "ao fim da manhã de dois soldados do 2.º Regimento de Hussardos de Haguenau, a sargento Yvonne Huynh e Loic Risser", segundo um comunicado do palácio presidencial. Yvonne Huynh foi a primeira mulher militar francesa a morrer neste país da África Ocidental.
A França destacou mais de 4.000 militares em cinco países do Sahel com o objetivo de apoiar os exércitos locais e impedir o estabelecimento de jihadistas na região. A operação "Barkhane" teve início em 2014, em substituição da Serval, lançada no ano anterior. No total das duas operações, 47 soldados franceses morreram.
A instabilidade que afeta o Mali começou com o golpe de Estado em 2012, quando vários grupos rebeldes e organizações fundamentalistas tomaram o poder do norte do país durante 10 meses.(x) Fonte: DW