Júlio Mendonça, secretário-geral da maior central sindical da Guiné-Bissau, a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné - UNTG - está indignado com os subsídios que o governo anunciou para os titulares de órgãos de soberania do país, que considera ser um insulto ao povo guineense, que vive na miséria e vê os impostos aumentarem e o salário mínimo estagnar.
Segundo o Orçamento Geral do Estado, aprovado pela nova maioria no parlamento, o novo Fundo de Soberania vai permitir que o Presidente Umaro Sissoco Embaló receba em 2021, 915.000 euros, enquanto o presidente do parlamento Cipriano Cassamá e o primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam receberão cada um quase 400 mil euros.
No total os subsídios aos governantes em 2021 deverão ascender a 1,8 milhões de euros ou 1.200 milhões de francos CFA, pelo que grupos da sociedade civil e partidos políticos pedem ao Presidente que vete o OGE para 2021, mas Umaro Sissoco Embaló ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Um despacho do primeiro-ministro Nuno Nabiam, com data de 12 de Agosto, anuncia que doravante, por exemplo, o Presidente da República vai receber uma diária de mil euros se estiver numa viagem fora da Guiné-Bissau e mais um valor adicional de cerca de 38 mil euros para a chamada despesa de representação quando viaja em missão oficial ou estatutária.
Júlio Mendonça, secretário-geral da UNTG que no final do ano passado avisou que se o OGE fosse aprovado 2021 seria um ano de greves, considera que estes subsídios são um insulto ao povo guineense, que vive na miséria e enquanto os trabalhadores do Estado pagam mais impostos, sem aumento de salário mínimo, os governantes vão ganhar mais dinheiro.
"...para nós é caricato, como é que é possível só na viagem do Presidente ele receber o ‘perdiem’ diário de mil euros? Sim, porque faço o câmbio de 650 mil francos CFA e são mil euros, sem contar com o subsídio anual de um milhão que o Presidente tem direito a receber líquido e tem ainda outros subsídios adicionais, isso para nós não representa a realidade da Guiné.(x) Fonte: RFI