O Governo do distrito de Quissanga, em Cabo Delgado, encontra-se em uma situação crítica após a devastação de suas infraestruturas por terroristas no final de Fevereiro de 2024. Com a escalada da violência, muitas comunidades foram forçadas a deixar suas casas, e os serviços públicos essenciais sofreram um colapso quase total. Desde então, a administração tem trabalhado na cidade de Pemba para tentar restaurar a normalidade e atender às necessidades da população afectada.
Após mais de oito meses de operações, os esforços de reabilitação ainda enfrentam sérias limitações. Em uma entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, esta terça-feira, 29 de Outubro de 2024, uma fonte anônima, bem posicionada no governo do distrito, destacou os obstáculos que a administração enfrenta, acrescentando que o governo receia trabalhar nas tendas.
“Nós recebemos as tendas, mas são poucas, e, para além disso, se formos para lá, é a mesma coisa que pegar na administração e ficar apenas sentado, porque lá não temos espaço para montar nem uma secretaria. Acabamos por esperar para criar mínimas condições em termos de um local para o funcionamento do Governo. Recentemente, recebemos lá umas 15 tendas. A intenção é dizer que o governo deve montar tendas e funcionar, mas deve saber que as tendas são para cinco instituições: Saúde, Educação, Serviço Distrital de Planeamento e Infraestrutura (SDPI), e o próprio Governo e secretaria. São cinco. Numa tenda dessas, estamos a falar de uma tenda não como escritórios; são tendas para vivência, e não para outra coisa. Estamos a ter esse receio também de levar os funcionários para lá”, recusou.
A situação torna-se ainda mais complicada pela falta de infraestrutura básica. A fonte enfatizou a necessidade urgente de condições adequadas para operação, afirmando: “Precisa-se montar energia lá, e temos experiências do passado em que queriam também fazer o mesmo, que nós fôssemos funcionar em tendas [...] E no fim, o que aconteceu? Apareceu chuva, ventania, e arrebentou com tudo. Eu me perguntava e perguntava aos colegas: o que aconteceria se nós levássemos computadores e secretarias para montar ali?”, prosseguiu.
Com a aproximação do fim do ano, a administração se vê pressionada por questões orçamentárias que agravam a situação.
“Nós já estamos no fim do ano, temos problemas de orçamento e não há garantia de que vamos reabilitar uma residência qualquer para depois nos tirarem rapidamente. Cada um vai viver como pode, mas onde vamos funcionar? Aí está. Temos uma experiência de registro notarial: montaram uma tenda aí hoje, e antes de nós sairmos, a tenda já não existia. Começaram a trabalhar na varanda, e, naquele lugar, então, há uma experiência já vivida”, informou.
A realidade no distrito de Quissanga ilustra os desafios enfrentados em toda a província de Cabo Delgado, onde a recuperação pós-conflito requer não apenas recursos, mas também um compromisso sustentado para garantir a segurança e o bem-estar da população. O governo local continua a buscar soluções para reabilitar as infraestruturas e restabelecer os serviços essenciais, mas o caminho à frente permanece repleto de incertezas.
Quissanga está localizado na costa norte de Moçambique, na província de Cabo Delgado, e é um dos distritos mais afectados pelos conflitos armados que assolam a região. (x)
Por: António Bote
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