O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) alertou que a situação de segurança no norte de Moçambique está a “deteriorar-se rapidamente”, com novos ataques de grupos armados em zonas que até então eram consideradas relativamente estáveis, sobretudo na província de Cabo Delgado.
Segundo um relatório operacional da referida agência da ONU, consultado nesta terça-feira, 27 de maio de 2025, pela agência Lusa, os ataques protagonizados por “grupos armados não estatais” nas províncias de Cabo Delgado e Niassa resultaram no deslocamento de milhares de pessoas e na interrupção de várias operações humanitárias em curso.
“No norte de Moçambique, a situação de segurança continua a deteriorar-se (...). A intensidade renovada do conflito está agora a afetar áreas anteriormente consideradas relativamente seguras, incluindo os distritos de Ancuabe e Montepuez, que registaram cerca de 15.000 e 5.000 novas deslocações, respetivamente”, indica o documento.
Desde outubro de 2017, Cabo Delgado, uma província rica em recursos naturais como o gás natural, tem sido palco de uma insurgência armada, cujos ataques são frequentemente reivindicados por grupos ligados ao autoproclamado Estado Islâmico. A violência já provocou mais de um milhão de deslocados internos e centenas de mortos.
Além da província de Cabo Delgado, a vizinha Niassa também foi recentemente alvo de violência. Em abril, grupos armados decapitaram dois guardas-florestais numa zona protegida. No mesmo período, o Estado Islâmico reivindicou a autoria de um ataque em que três pessoas foram mortas.
O ACNUR adianta que, nas últimas semanas, mais de 25.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas devido à intensificação dos ataques no norte do país.
“Na província de Niassa, onde até recentemente o movimento de deslocados era reduzido, mais de 2.000 pessoas foram obrigadas a fugir desde meados de março. Esses deslocados somam-se aos quase 1,3 milhões de pessoas afetadas pelo conflito armado, por desastres naturais como ciclones consecutivos e pela seca prolongada”, sublinha a agência.
Apesar do agravamento da situação de segurança, o ACNUR reconhece que o ambiente político em Moçambique permanece “calmo”, e que os esforços nacionais estão agora centrados no “planeamento do desenvolvimento a longo prazo”.
Este alerta surge dias depois de as Nações Unidas estimarem que cerca de 5,2 milhões de pessoas em Moçambique necessitam atualmente de assistência humanitária, resultado de uma “tripla crise” provocada pelo conflito armado, eventos climáticos extremos recorrentes e agitação pós-eleitoral.(x)
Por Bonifácio Chumuni
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