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sexta-feira, 23 abril 2021 12:37

Partidos moçambicanos divergem sobre ajuda militar de países amigos no combate ao terrorismo

Filipe Nyusi no Encerramento do Curso Militar em Montepuez, na Província de Cabo Delgado (Foto de Arquivo Filipe Nyusi no Encerramento do Curso Militar em Montepuez, na Província de Cabo Delgado (Foto de Arquivo

Frelimo diz ser contra tropas estrangeiras, Renamo é a favor e MDM quer conhecer gastos com grupos privados

O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosário, reconheceu nesta quarta-feira, 21, que países vizinhos e membros da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) estão a ajudar no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.

Ao intervir no Parlamento, Rosário não deu mais detalhes, apesar de notícias confirmadas de grupos militares privados, ao mesmo tempo que informação não confirmadas oficialmente apontam para a presença de tropas do Zimbabwe na chamada Frente Operacional Norte, que está sob ameaça constante de grupos terroristas.

No entanto, os principais partidos políticos divergem quanto ao tipo de intervenção externa em Cabo Delgado.

O secretário Geral do Partido Frelimo, Roque Silva, diz não ser necessária a intervenção militar estrangeira para pôr fim dos ataques terroristas.

“Já foi dito várias vezes que se a solução do problema do terrorismo residisse no apoio em tropas de fora o Afeganistão não estaria a enfrentar o terrorismo apesar do apoio das tropas americanas, a Líbia já estaria em paz porque estão la tropas francesas, americanas e outras mas continua em guerra", sustenta Roque Silva, acrescentando que, apesar da presença de tropas zimbabweanas e tanzanianas durante a guerra civil de 16 anos em Moçambique "não foram essas tropas que acabaram com a guerra".

"Temos homens capazes que são liderados pelo comandante em chefe capaz”, sustenta.

Do lado da oposição, o presidente da Renamo, Ossufo Momade, diz que só com apoio de tropas estrangeiras é que Moçambique poderá eliminar os focos dos ataques terroristas.

“Se o Estado moçambicano não tem capacidade militar, temos a África do Sul que é uma potência militar, temos o Botswana porquê não se juntam e possam aliviar o sofrimento destes nossos irmãos?”, questionou o líder da oposição, lembrando o tempo da guerra civil.

“Participei na guerra civil onde havia tropas do Zimbabwe, Tanzânia e soviéticas, nessa altura não havia soberania? O Samora Machel e o Chissano não sabiam que havia soberania, ou alguma coisa esta sendo escondida?”, voltou a perguntar Momade.

A falta de informação sobre a intervenção militar em Cabo Delgado levou o MDM, a terceira força política do país, a questionar, na voz de Fernando Bismarques, os gastos que o Governo tem tido com a contratação de mercenários.

“O sector da defesa e segurança têm sido considerados nos debates da sociedade civil como um antro da corrupção, um sector onde há falta de transparência, pelo que julgamos ser uma informação de vital importância sobre o custo da contratação destes mercenários que operam no teatro de guerra em Cabo Delgado, não pedimos ao Governo a estratégia, o numero de helicópteros ou o tipo de armas usadas”, afirmou Bismarques.

Estas posições são apresentadas numa altura em que a SADC prepara-se para oferecer apoio a Moçambique.

Para o analista Egídio Plácido, o Governo já demonstrou falta de capacidade para fazer face a estes ataques pelo que deve admitir o apoio militar para o combate ao terrorismo.

“A narrativa do Governo moçambicano de não querer o apoio de forcas estrangeiras e apenas querer o apoio em material bélico não procede, porque todos nós sabemos que as nossas Forças de Defesa e Segurança estão mal treinadas e equipadas, portanto não tem uma preparação especifica para combater o terrorismo", concluiu.

Na sua intervenção no Parlamento, Carlos Agostinho do Rosário, evitou qualquer tipo de detalhes por considerar que é um assunto do foro militar. (x) Fonte:VOA

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