Vários milhares de manifestantes do 'Hirak' desfilaram hoje em Argel para denunciar o recrudescimento da repressão contra este movimento de protesto popular, antes de serem violentamente dispersos pela polícia, segundo diferentes media.
"Marcha pacífica violentamente dispersa a partir das 16h em Argel. Parem a repressão", escreveu na rede social Twitter o vice-presidente da Liga Argelina de Defesa dos Direitos Humanos, Said Salhi, no final da manifestação.
Salhi também referiu detenções em várias cidades onde decorriam, como todas as sextas-feiras, marchas do 'Hirak'. Registaram-se concentrações em Annaba, Constantine e Mila (todas no nordeste), assim como na Cabília, em Bajaia, Tizi Ousou e Bouira.
Nascido em fevereiro de 2019 da rejeição de um quinto mandato do presidente Abdelaziz Bouteflika, o 'Hirak' exige uma mudança radical do "sistema" político existente desde a independência da Argélia em 1962.
Testemunhos e fotografias divulgadas na rede social Facebook e em 'sites' locais deram conta de detenções e de espancamentos no centro de Argel.
"Escalada da violência policial contra os jornalistas que cobrem as marchas de sexta-feira na Argélia", assinalou no Twitter a organização Repórteres sem Fronteiras.
Apesar do calor, juntou-se uma multidão para esta "sexta-feira 115" (o número de semanas desde o início do 'Hirak'), um teste para o movimento depois de a polícia ter impedido na terça-feira a marcha semanal dos estudantes em Argel, tendo detido cerca de 20 pessoas.
O recomeço das marchas do movimento de protesto no final de fevereiro, após um ano de suspensão devido à crise sanitária, foi acompanhado de uma intensificação das detenções de militantes, em particular na última semana.
Quando os manifestantes detidos são libertados, devem assinar um documento na esquadra comprometendo-se a não participar mais nas marchas semanais, disse hoje Said Salhi à agência France Presse.
São também ameaçados de não serem libertados em caso de reincidência e de uma nova detenção, enquanto os colocados sob controlo judicial são proibidos de falar aos jornalistas, adiantou Salhi???????.
Segundo o Comité Nacional para a Libertação dos Detidos, mais de 70 pessoas estão atualmente encarceradas por factos relacionados com o 'Hirak' ou com as liberdades individuais.
Hoje os manifestantes reiteraram a sua rejeição das eleições legislativas antecipadas, convocadas para 12 de junho.
"Não a eleições com o gangue (no poder)", ouviu-se no desfile em Argel.
O regime parece determinado a prosseguir o seu roteiro eleitoral sem ter em conta as reivindicações da rua e a não-participação dos principais partidos da oposição.
O presidente da Autoridade Eleitoral (ANIE), Mohamed Charfi, precisou esta semana que 1.730 listas -- 818 de partidos e 912 "listas independentes" -- tinham sido registadas. Dezanove partidos políticos dos 39 que apresentaram dossiers "cumprem as condições legais".(x) Fonte: Notícia ao Minuto