No dia em que a SADC aprovou o envio de uma força para combater o terrorismo no norte de Moçambique, em Cabo Delgado, voltaram a registar-se ataques entre insurgentes e forças governamentais. O distrito de Palma continua a ser alvo de "esporádicos ataques", relatou fonte da sociedade civil à RFI.
Fontes militares e de segurança avançaram à agência de notícias francesa AFP que militantes islamistas estiveram envolvidos em confrontos esta quarta-feira, 23 de Junho, com as forças governamentais moçambicanas num novo ataque no distrito de Palma, perto das instalações do projecto de gás natural na península de Afungi, no norte do país.
As pessoas continuam a fugir e segundo fontes da sociedade civil ouvidas pela RFI, só na semana passada Pemba recebeu 3000 novos deslocados.
Manuel Nota, director da ONG Cáritas, em Pemba, não confirma o ataque de ontem, mas revela que houve um ataque há três dias em Macomia e numa parte de Palma.
O ataque de ontem ainda não foi confirmado pelas autoridades, aponta o responsável da ONG.
"Como organizações humanitárias ainda não tivemos a confirmação desse ataque. Sabemos que houve um ataque que aconteceu há três dias em Macomia e numa parte de Palma. Sei que houve este ataque, mas se houve baixas ou não, não tenho informação", explicou.
O número de deslocados a dar entrada em Pemba não pára, revela Manuel Nota. "Quase todos os dias recebemos pessoas. Há dias em que entram 30, 40 ou 100, mas também há pessoas que saem para sítios de reassentamento", confirmou o director da ONG Cáritas.
Manuel Nota tem informações, embora pouco seguras, de que "têm sido registados actos de vandalização, na calada da noite. São grupos de pessoas que entram em casas de outras e ameaçam-nas. Para evitar essas situações, as pessoas saem e procuram locais seguros".
Situações criminosas em Cabo Delgado
Apesar do Ministro da Defesa de Moçambique ter garantido na semana passada que a situação está controlada, os ataques terroristas continuam a ocorrer na província de Cabo Delgado, no extremo norte de Moçambique.
Os ataques terroristas prosseguem em alguns distritos dessa região, relatam centenas de pessoas que todos os dias chegam a cidade de Pemba, a capital da província.
A Renamo, principal partido da oposição, através do seu presidente, Ossufo Momade, já veio lamentar "as situações criminosas de Cabo Delgado".
Esta violência "torna a vida das nossas populações cada vez mais difíceis", alertou Ossufo Momade, pedindo ao governo para "identificar estratégias militares de forma a pôr o inimigo na defensiva até à derrocada final. A esses cidadãos apelamos que parem com esse sofrimento das nossas populações que já é vítima de tantos outros males".
O líder da Renamo falou um dia antes da celebração dos 46 anos da independência, considerando que a dívida ilegal de mais de 2,2 mil milhões dólares contraída pelo Estado a favor de três empresas públicas, sem o aval do Parlamento, é um dos pesadelos dos moçambicanos.(x) Fonte:RFI