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terça-feira, 06 julho 2021 08:40

Cabo Delgado: "Todos os que cruzam fronteiras devem ter oportunidade de pedir asilo"

População de Cabo Delgado foge do terrorismo (foto ilustrativa) População de Cabo Delgado foge do terrorismo (foto ilustrativa)

Há refugiados moçambicanos repatriados compulsivamente da Tanzânia que chegam em situação débil, revela o ACNUR. A agência reporta, por exemplo, casos de separações de famílias que fogem do terrorismo em Cabo Delgado.

Mas o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) garante que protege os refugiados, atribuindo bens essenciais como kits de cozinha, colchões e cobertores. Para além disso, forma ativistas refugiados e a comunidade moçambicana que os acolhe em solo pátrio. Conversámos com a diretora do ACNUR em Cabo Delgado, Margarida Loureiro:

DW África: A Tanzânia tem a obrigação de apoiar emergencialmente os refugiados durante o proceso de repatriamento?

Margarida Loureiro (ML): Da nossa parte, protegemos quem está dentro das fronteiras de Moçambique. Mas todos aqueles que cruzam a fronteira e que querem aceder ao sistema de asilo de outro país, devem ter essa oportunidade, de serem protegidos pelo país a quem pedem asilo.

DW África: Sim, mas essas pessoas são deportadas compulsivamente, já ouviu, por exemplo, o relato de algum moçambicano que diga “neste processo de viagem, a Tanzânia apoiou-nos, deu-nos transporte ou um kit de alimentação até ao destino de viagem”?

ML: Não tenho esse tipo de relato. Os relatos que temos das pessoas que cruzam as fronteiras, é que são transportadas em viaturas, camiões, autocarros, novamente para Moçambique.

DW África: O que é que o Governo moçambicano está a fazer para ajudar estas pessoas deslocadas?

ML: Estão a trabalhar connosco nessa zona, estão a dar-nos apoio de várias formas. Como se trata de uma zona de difícil acesso, são 14 horas de viagem, com vários “checkpoints”, uma zona de risco, só com as autoridades é que conseguimos levar os nossos camiões com ajuda e com outros parceiros humanitários é que conseguimos estar lá e dar a formação. Temos trabalhado muito de perto com a ação social, guardas de fronteira, polícia local. Todos têm apoiado, porque para eles também lhes causa impacto aquela situação e querem proteger as pessoas. Temos tido a melhor das receções nas fronteiras, a nível humano, por parte das autoridades moçambicanas. Não só das autoridades de fronteira, mas também da ação social para os mais diversos serviços, e também de saúde, que la escasseia. Temos pessoas que chegam num estado de saúde muito frágil, pela fuga e por tudo o que lhes aconteceu em Moçambique.

DW África: Negomane é considerada uma zona de risco de ataques terroristas?

ML: Toda a região de Cabo Delgado está numa situação complicada. O conflito dentro da província está mais a norte. Toda aquela zona desde Palma, Mueda – ainda não temos acesso lá, são zonas de risco, de conflito armado. Qualquer zona onde damos assistência, temos de calcular o risco.(x) Fonte:DW

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