Depois da Assembleia Nacional de Cabo Verde ter decidido por unanimidade autorizar a Procuradoria-Geral da República a deter, fora de flagrante delito, o deputado Amadeu Oliveira, agora aguarda-se a ordem de detenção a ser emitida pelo Ministério Público.
O deputado Amadeu Oliveira , que também é advogado está sendo acusado de um crime de ofensa a pessoa colectiva (membros do Supremo Tribunal da Justiça) e dois crimes de atentado contra o Estado de Direito.
Ele arrisca-se a ser condenado 8 anos de prisão.Contudo, Amadeu Oliveira garante que é “zero” a possibilidade de ser condenado.
“A minha possibilidade de ser condenado é zero. É verdade que eu chamo os juízes do Supremo de prevaricadores. É verdade que eu chamo os juízes do Supremo por nomes, não todos, de prevaricadores. Benfeito Mosso Ramos é um deles, prevaricador” afirmou o deputado, em declarações à imprensa, após votar favoravelmente a autorização da Procuradoria Geral da República para o deter, fora de flagrante delito.
O também advogado assume que ajudou a sair de Cabo Verde, o cidadão franco-cabo-verdiano Arlindo Teixeira, que se encontrava em prisão domiciliária em São Vicente.
“Eu fiz actos conscientes. Saí com alguém que estava sob prisão domiciliária. Eu tomei a decisão consciente de planear, financiar e executar a sua saída imediata de Cabo Verde. Eu tenho que ser responsável. Foi um acto que tomei sozinho e que devo responder sozinho” disse Amadeu Oliveira.
O caso ocorreu a 27 de Junho de 2021, quando o cidadão franco-cabo-verdiano Arlindo Teixeira, condenado inicialmente a 11 anos de prisão por homicídio, saiu do país a partir de São Vicente num voo da TAP com destino a Lisboa, tendo depois seguido para França de viatura, como relatou à imprensa, o deputado Amadeu Oliveira, num processo que este considerou ser “fraudulento”, “manipulado” e com “falsificação de provas”.
Segundo a Inforpress, o caso Arlindo Teixeira remonta a 31 de Julho de 2015 quando ele foi preso acusado de assassínio e em seguida, em 2016, condenado a uma pena de 11 anos de prisão.
Teixeira estava em prisão preventiva a aguardar o desfecho do recurso ao Tribunal Constitucional.
A 26 de Abril de 2018, após com dois anos, oito meses e 26 dias de prisão preventiva, Arlindo Teixeira foi mandado soltar pelo Tribunal Constitucional por este último considerar que o arguido tinha agido em legítima defesa.
Numa nova apreciação, o Supremo Tribunal de Justiça reduziu a pena de onze para nove anos.
Um consenso posterior do Tribunal Constitucional revogou a condenação e mandou repetir o julgamento, porque este decorreu sem assistência do público e do advogado de defesa, Amadeu Oliveira.
O STJ decidiu efctuar um novo julgamento, mas manteve a pena de nove anos, que só pode ser executada depois da decisão do Tribunal Constitucional sobre o pedido de amparo.
Nesta fase do processo judicial foi decidida a prisão domiciliária do réu, ordenada pelo Supremo Tribunal de Justiça a partir de 16 de Junho. Onze dias depois, Arlindo Teixeira conseguiu sair de Cabo Verde, ajudado pelo advogado, Amadeu Oliveira. (X) Fonte: RFI