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segunda-feira, 23 agosto 2021 05:32

Manuel Chang poderá ser extraditado para Moçambique, escreve o Daily Maverick

Sociedade civil moçambicana reage à decisão dizendo que "perpetua a corrupção"

O jornal sul-africano Daily Maverick escreveu na sua edição online de 21 de Agosto que é esperado que a África do Sul extradite o ex-ministro das finanças moçambicano Manuel Chang para Moçambique e não para os EUA, tendo aceite garantias de Maputo de que ele acabará por ser julgado por supostamente aceitar subornos num escândalo de 2 biliões de dólares, comummente chamado de escândalo das “dívidas ocultas”, em 2013.

A aparente decisão de Pretória de extraditar Chang para Moçambique surge quando vai iniciar nesta segunda-feira, 23 de Agosto, em Maputo, o julgamento de 19 outras pessoas implicadas no suposto golpe de empréstimo de 2013.

Chang não estava originalmente entre os réus ou aparentemente na lista de 70 testemunhas, mas é possível que agora ele seja adicionado, escreve o Daily Maverick.

Adriano Nuvunga e Borges Nhamirre reagem

A notícia da não extradição para os Estados Unidos já provocou algumas reacções, nomeadamente de Adriano Nuvunga, do CDD Moçambique - Centro para a Democracia e Desenvolvimento.

O director do CDD escreveu no Twitter que "a extradição de Manuel Chang para Moçambique não só falha o povo de Moçambique, como vai perpetuar a corrupção, o crime organizado e estado de captura no sul de África".

Borges Nhamirre, que duvida da absolvição dos arguidos no caso "dívidas ocultas", também reagiu no Twitter dizendo que "a extradição de Chang, por não ser de interesse nacional vital para os Estados Unidos, não é mais uma alta prioridade para Washington. Isso aumentou o risco de ser absolvido no tribunal dos Estados Unidos, como aconteceu com Boustani. mais importante, os EUA agora querem que Maputo se junte à Coligação Global para derrotar o ISIS" - referindo-se ao combate aos insurgentes em Cabo Delgado, norte do país.

Chang enfrenta acusações de fraude e corrupção por alegadamente receber milhões de dólares em subornos para assinar cerca de 2,2 biliões de dólares em empréstimos do Credit Suisse e do banco russo VTB a agências governamentais de Moçambique para comprar traineiras de pesca e embarcações de patrulha militar em 2013 e 2014.

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O ex-ministro das Finanças moçambicano foi preso em Dezembro de 2018 no Aeroporto Internacional OR Tambo, Joanesburgo, e mantém-se na prisão desde então, enquanto a África do Sul analisa pedidos de extradição.

Moçambique acusa autoridades sul-africanas de violarem os direitos de Manuel Chang

Em Maio deste ano, os advogados do Governo moçambicano na África do Sul formalizaram um pedido junto do Supremo Tribunal de Joanesburgo a exigir que o órgão emitisse uma ordem a obrigar o ministro da Justiça e Assuntos Correccionais, Ronald Lamola, a extraditar o ex-ministro das finanças Manuel Chang “sem mais demora”. Haviam passado 27 meses da sua prisão.

No pedido, o Governo de Moçambique argumentou que a África do Sul violou o direito de Chang à justiça.

Na semana que passou, a VOA falou com juristas que dizem que o ideal seria a inclusão de Manuel Chang, tido como a peça-chave no caso das dívidas ocultas, no grupo de réus, cujo julgamento começa, segunda-feira, 23, em Maputo, mas consideram que a sua ausência não impede o tribunal de fazer justiça.

Até ao momento não foi possível obter confirmação ou comentário por parte das autoridades. (x) Fonte: VOA

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