Em cimeira esta terça-feira, em Pretória, na África do Sul, o executivo moçambicano e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) avaliam a actuação da missão militar conjunta de combate à insurgência em Cabo Delgado.
De acordo com a presidência moçambicana, esta cimeira "irá apreciar o relatório de progresso das operações das forças conjuntas desde o seu desdobramento em Julho de 2021 e deliberar sobre acções futuras, no quadro dos esforços em curso visando o combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado".
Neste encontro está representada a Troika do Órgão de Cooperação nas áreas de Política, Defesa e segurança da SADC, entidade presidida pela África do Sul, sendo que do lado de Moçambique, o país é representado pelo seu Presidente assim como pelo titular do pelouro do Interior, Amade Miquidade, e pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Manuel Gonçalves.
Desde o passado mês de Julho, uma ofensiva lançada pelas Forças Armadas moçambicanas e pelo exército ruandês aos quais se juntaram em Agosto os contingentes da SADC, permitiu a reconquista de várias áreas do norte do país, em particular a localidade de Mocímboa da Praia que estava nas mãos dos jihadistas desde Agosto de 2020.
Ainda ontem, por ocasião do dia da Paz, ao congratular-se com a acção das forças militares presentes no norte do país, o Presidente Filipe Nyusi disse que "os combates estão a acontecer" e fazem com "o inimigo não encontre um espaço permanente". O Presidente moçambicano disse ainda ter a "certeza que há dirigentes ou líderes dessas forças que estão a fugir, até para fora do país".
Na continuidade das declarações presidenciais, o comandante da polícia de Moçambique, Bernardino Rafael não deixou igualmente de tecer um alerta. "As principais bases (dos insurgentes) foram destruídas, mas isso não é o fim porque os terroristas ainda continuam em pequenos grupos a correr de um lado para o outro. Com raiva e fúria podem estragar", declarou este responsável sublinhando, por outro lado, a necessidade "de adequar a polícia à dimensão de outras polícias internacionais".
De acordo com o projecto de registo de conflitos ACLED, a violência armada vigente há quatro anos em Cabo Delgado provocou mais de 3.100 mortes e mais de 817 mil deslocados, segundo dados governamentais.(x) Fonte:RFI