O chefe do governo de Cabo Verde discursou ontem no âmbito da COP626 em Glasgow na Escócia, no painel de apresentação dos objectivos dos países participantes em termos de redução das emissões de gases com efeito de estufa.
Ao estimar que o arquipélago e que vai chegar à neutralidade carbono até 2050, Ulisses Correia e Silva defendeu, por outro lado, a necessidade de haver mais apoio por parte dos países mais desenvolvidos junto das regiões do globo mais fragilizadas perante as mudanças climáticas.
“Até 2030, devemos substituir 25% da nossa frota de veículos térmicos por veículos eléctricos e atingir 100% em 2050”, declarou o chefe do governo cabo-verdiano estimando que o seu país vai ter “em 2030 mais de 50% de penetração de energias renováveis, acompanhado do aumento da eficiência energética”.
Ao enumerar algumas das iniciativas conduzidas no seu país, Ulisses Correia e Silva citou nomeadamente o investimento na dessalinização da água do mar ou ainda a reutilização de águas residuais tratadas, o chefe do governo sublinhado que apesar de o seu país ter uma “contribuição insignificante” na carbonização da economia, acaba por sofrer os efeitos do aquecimento global.
Neste sentido, o primeiro-ministro de Cabo Verde considerou que o "grupo restrito de países do G20 podem fazer diferença com eficácia”, Ulisses Correia e Silva deixando um ainda um apelo sobre a necessidade de “erradicar a pobreza extrema que afecta milhões de pessoas no mundo porque ela não facilita a massificação de práticas e atitudes a favor do clima e a favor do ambiente”.Também presente entre os vários participantes na cimeira, está a ONG cabo-verdiana "Eco feminismo CV", uma associação criada em 2019 que age pelo meio ambiente e por um maior empoderamento da mulher no arquipélago. Ao comentar o discurso do chefe do governo do seu país, a porta-voz da "Eco feminismo CV" Maria José Veiga, considera que "foi uma boa intervenção na medida em que os países em desenvolvimento, mesmo que não poluam muito continuam a ser afectados gravemente", esta responsável expressando o voto de que "os financiamentos para a mitigação das alterações climáticas não sejam por via da venda da cota do protocolo de emissão de gases (direito de poluir) que tem sido feito".Noutro quadrante, ao evocar designadamente a aposta em transportes "limpos" mencionada por Ulisses Correia e Silva no seu discurso, Maria José Veiga, considera que o grande desafio de Cabo Verde é a transição das energias fósseis para as energias renováveis. "Não vale a pena pensar em carros eléctricos se ainda utilizamos energias fósseis para a produção de energia", argumenta.
Desde domingo e até ao dia 12 de Novembro estão reunidos em Glasgow, na Escócia, mais de 120 líderes políticos e milhares de cientistas e activistas no âmbito da 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre alterações climáticas, no intuito de reflectir sobre meios de reflectir sobre meios de reduzir de forma mais drástica as emissões de gases com efeito de estufa até 2030, numa altura em que a ONU tem emitido alertas sobre a evolução do clima.
Esta conferência acontece seis anos depois da COP-21 em Paris durante a qual foi assinado um acordo estabelecendo como objectivo o de limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial. Uma meta que apesar dos compromissos assumidos na época, não tem estado a ser cumprida. De acordo com dados da ONU, até ao final do século, a temperatura média do planeta poderá aumentar numa média de mais de 2,7 ºC, com consequências catastróficas para várias áreas do globo.(x) Fonte: RFI