Sou António Bote, Jornalista da Rádio Zumbo FM. Com a permissão editorial, decidi escrever um artigo de opinião expressando-me livremente e encorajando os militares que estão na linha de frente.

Sinto, sinto muito, pois temos pesquisado todos os dias, ouvido e escrito histórias diferentes sobre a insurgência em Cabo Delgado.

Aprendemos com os nossos erros. O dia mais difícil para mim foi quando recebemos chamadas de alguns militares pedindo ajuda da Rádio para divulgarmos um ataque que acabava de acontecer. A princípio, hesitamos e, depois, solicitamos confirmação às entidades responsáveis. Quando confirmamos, divulgamos a história de forma ingênua, anunciando números de militares que haviam sido assassinados em Mucojo pelos terroristas.

Horas depois, recebemos vários elogios; a publicação ganhou milhares de visualizações. No entanto, logo recebemos várias chamadas nos convidando a reflectir sobre a divulgação daquela notícia e os números das Forças de Defesa e Segurança que tombaram. Alguns segmentos da sociedade ligaram para aconselhar-nos, jornalistas seniores também nos contactaram para chamar a atenção.

Logo em seguida, convocamos o nosso conselho editorial para analisar as chamadas e o conteúdo da notícia.

E a resposta foi: os militares são pessoas, têm famílias. Apesar de estarem na linha de frente em Cabo Delgado, muitos deles defendem uma população que nem faz parte da sua família, mas, porque juraram a bandeira, estão nas suas posições. Assim, entendemos que devemos ter cuidado ao divulgar notícias que atribuem derrotas a quem defende a nossa pátria e as populações.

Dias depois, os insurgentes publicaram, através dos seus canais de propaganda, fotos horríveis e tristes. Essas fotos chegaram à redação do nosso canal e nos fizeram perceber que devemos honrar e respeitar as Forças de Defesa e Segurança (FDS).

O Governo de Cabo Delgado insurgiu-se contra os jornalistas da província.

Recentemente, recebemos a visita do Administrador de Macomia nas instalações da Rádio Zumbo FM, que queria esclarecer se foi ele quem disse à Zumbo FM que tantos membros das FDS tombaram em Mucojo. Tivemos o cuidado de esclarecer que não foi ele.

Recentemente, numa viagem de trabalho ao distrito de Metuge, no Posto Administrativo de Mieze, pude ver o rosto de alguns militares que estão na linha de frente: um rosto de coragem, esperança, desconfiança, etc. Mas, no fundo, havia uma mensagem: "Nós somos moçambicanos, e o país é nosso. Não vamos desistir."

São tantos episódios que, neste momento em que escrevo, imagino os jovens militares das FDS que estão nas suas posições em Chiúre, Quissanga, Ibo, Quirimbas, entre outros locais perigosos, defendendo a população e o país.

De fonte bem segura, soubemos, semanas depois dos ataques no distrito de Chiúre, que 18 terroristas foram abatidos pelas FDS, fato que impediu que os insurgentes atravessassem para a província de Nampula. Os mesmos jovens das FDS estão a perseguir os terroristas a todo custo, de dia e de noite. Portanto, merecem a nossa vênia.

Gostaríamos de aproveitar esta ocasião para endereçar os nossos sentimentos às diversas famílias que perderam seus filhos aqui em Cabo Delgado.

Para os jovens que também passaram por esta missão, endereçamos o nosso total respeito e apoio.

Para o Governo ou Estado, endereço o seguinte pedido:

- Muitos jovens que estão a regressar de Cabo Delgado, após cumprir sua missão, voltam com traumas. Por favor, pedimos que deem assistência a estes jovens e suas famílias. Vários relatos temos acompanhado de jovens das FDS que precisam de ajuda.

- Que divulguem histórias de sucesso das FDS que foram e voltaram para suas zonas de origem e hoje estão assumindo outros cargos de destaque.

- Que ajudem as famílias destes membros das FDS.

Os militares também são pessoas. Oh Moçambique.

Reconhecemos o papel fundamental dos jovens das Forças de Defesa e Segurança que estão na linha de frente em Cabo Delgado, e você?

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Por: António Bote.

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