Excelências, no epicentro da crise econômica que dilacera o tecido da nossa sociedade, os verdadeiros heróis permanecem invisíveis, embora seus feitos gloriosos sejam exultados com palavras grandiosas. Esses são os nossos militares, cujos sacrifícios, embora dignos de epopeias, são frequentemente esquecidos na balança da justiça salarial.
Recentemente, uma manchete, como um grito de desespero em meio ao vento, revelou a dura realidade: "Mais de uma dezena de tropas no Teatro Operacional Norte (TON) estão sem salários". É um choque que deveria abalar nossas consciências, mas que parece ser ignorado diante das celebrações pomposas que envolvem esses bravos soldados. Enquanto eles arriscam suas vidas, a sua justa remuneração é deixada à mercê de uma incerteza cruel, uma ironia perversa para aqueles que asseguram nossa paz.
No grandioso palco da justiça salarial, é quase uma peça trágica a forma como os discursos erigem estátuas de louvor aos nossos militares, enquanto a dura realidade os deixa sem a recompensa merecida. A glória que lhes é atribuída nas honrarias e nas palmas é uma cortina de fumaça que encobre a dura verdade do sacrifício não remunerado.
Enquanto o sistema econômico se esfacela e diversos estratos sociais marcham pelas ruas em busca de justiça salarial, vemos funcionários de elite, com seus horários fixos e regalias de luxo, sobressair-se nas manifestações. É uma ironia mordaz: aqueles que já possuem tudo são os mais vocais em suas exigências, enquanto o governo, com uma postura de diálogo que muitas vezes não resulta em ação concreta, parece responder com celeridade a essas demandas. E, paradoxalmente, os militares, cujas famílias enfrentam a penúria e a espera angustiante por um salário justo, permanecem em silêncio, um hino de disciplina e sacrifício que a sociedade não parece querer ouvir.
Excelências, peço-vos que olhem para esses heróis com a mesma compaixão que lhes atribuem em vossos discursos. Tende piedade, pois o silêncio dos militares é um eco de disciplina e de devoção, não de indiferença. Eles suportam o peso da guerra e da incerteza sem reclamar, confiando na justiça que tarda a chegar. A verdadeira grandeza de um Estado não reside apenas na capacidade de exaltar bravura, mas na de reconhecer e valorizar o sacrifício silencioso daqueles que asseguram nossa segurança. Não deixem que a injustiça perdure e que o sacrifício de tantos continue a ser tratado como uma questão menor. Façam justiça e honrem, com ações concretas, o compromisso e a dignidade daqueles que, na linha de frente, aguardam não por aplausos, mas por uma simples e justa remuneração.
Hoje é um bom dia!
Por Rafael Cocorico
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