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Ivan

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A disputa entre a TotalEnergies e a população de Quitunda, na Península de Afungi, distrito de Palma, em Cabo Delgado, continua sem solução. O conflito tem como ponto central as indenizações pelas terras utilizadas nos megaprojetos de exploração de gás natural liquefeito na região.

Moradores de Quitunda, Macala, Mangale e outras localidades vizinhas continuam a se mobilizar em frente ao portão principal do acampamento da TotalEnergies, exigindo compensações pelas terras tomadas para os projetos da empresa. A manifestação tem gerado tensões, afetando a entrada e saída de trabalhadores no local.

De acordo com um trabalhador do acampamento, que preferiu manter o anonimato, não houve avanços significativos nas negociações entre a empresa e os manifestantes. Além disso, foi reportado que motoristas que transportam trabalhadores para o acampamento têm sido ameaçados.

A equipe de reportagem da Zumbo FM Notícias entrou em contato com Laurinda Luciano, secretária permanente do distrito de Palma, para obter mais informações sobre o caso. Luciano informou que não poderia se pronunciar sem a autorização do administrador distrital, mas garantiu que tomaria as providências necessárias para tratar do assunto com seus superiores.

“Não tenho autorização para me pronunciar sem o aval do excelentíssimo administrador. Ele é o porta-voz oficial do governo no distrito e a pessoa responsável por indicar representantes para tratar deste assunto. Só posso conceder entrevista após autorização superior”, declarou Laurinda Luciano.

Até o momento, não houve retorno oficial do administrador distrital.

A TotalEnergies, por sua vez, ainda não se pronunciou oficialmente sobre os protestos ou as reivindicações das comunidades afetadas, tampouco sobre as tensões relatadas no local.

Os megaprojetos de gás natural liquefeito em Afungi têm sido alvo de controvérsias desde o início, especialmente em relação ao deslocamento das comunidades locais e às questões de compensação pelas terras. A falta de acordo sobre essas compensações continua sendo um dos principais fatores de tensão entre a população e a empresa.

A Zumbo FM Notícias seguirá acompanhando o caso e trará atualizações à medida que novas informações forem obtidas.(x)

Por: Bonifácio Chumuni

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O dia 15 de dezembro de 2024 será lembrado como o início de um pesadelo sem fim para centenas de famílias do distrito de Mecúfi, em Cabo Delgado.

O ciclone Chido, com ventos que atingiram 200 km/h e chuvas torrenciais, causou uma devastação sem precedentes, arrastando casas, plantações e sonhos. A tragédia expôs a vulnerabilidade das comunidades locais, que já enfrentavam os impactos de conflitos e pobreza, deixando os moradores em um profundo desespero e clamando por socorro.

Amina Zacarias, residente de Mecúfi, relembra com pesar a noite do ciclone.

“A chuva começou forte e, depois, veio o vento. Foi de madrugada, às 3h, e só terminou por volta das 7h. A casa começou a perder as chapas, que voavam de qualquer maneira. Eu, meu marido e os meus filhos ficamos dentro de casa, entregues nas mãos de Deus. Não saímos. Agora, precisamos de ajuda urgente para reconstruir. Chapas e barrotes são essenciais para termos um teto novamente”, contou.

Ana Morreira, uma das muitas vítimas, descreve a sensação de impotência diante da força da natureza.

“O vento era tão forte que, de repente, minha casa caiu. Não restou nada. Eu estou a dormir no chão, sem cama, sem nada. Foi uma chuva intensa acompanhada de vento que desabou as paredes em questão de segundos. Estou desesperada. O ciclone levou tudo e deixou apenas dor e sofrimento.”

Omar Sabone também perdeu tudo. “Foi algo que nunca imaginei ver. As chapas da casa foram levadas, os móveis e pratos destruídos, e a casa inteira desabou. Durante a chuva, não havia para onde correr, e eu me abriguei debaixo de um coqueiro. Hoje, só me restam lamentações e pedidos de socorro. Precisamos de chapas para ao menos reconstruir algo para dormir”, lamentou.

Bernambe Mbula, um deslocado de Mocímboa da Praia que havia começado a reconstruir sua vida em Mecúfi, viu seus esforços desmoronarem novamente.

“Cheguei aqui com esperança e consegui erguer uma casa e cultivar os meus campos. Não dependia mais de apoio humanitário. Mas o ciclone levou tudo o que eu havia conquistado. Não temos onde dormir quando anoitece. Pedimos ajuda ao governo. Qualquer coisa será bem-vinda”, pediu.

O administrador de Mecúfi, Fernando Neves, fez um apelo urgente à solidariedade nacional.

“A destruição causada pelo ciclone Chido é sem precedentes na história recente de Mecúfi. Estimamos que mais de 81 pessoas perderam a vida e 400 ficaram feridas. Centenas de famílias perderam suas casas, plantações e bens essenciais. O governo local está fazendo o possível para fornecer apoio imediato, mas precisamos de mais ajuda. Este é um momento crítico que exige a união de todos”, disse o administrador de Mecúfi, Fernando Neves.

Maria Zainabo, mãe de cinco filhos, expressou sua dor e necessidade de apoio.

"Minha casa foi destruída. Estamos a dormir no chão, sem redes, à mercê dos mosquitos. Meus filhos choram de fome e frio. Não sei o que fazer. Precisamos de comida, roupas e materiais para reconstruir. Por favor, nos ajudem."

João Salimo, pescador da região, também sofreu a perda de seu sustento.

"O vento forte levou o meu barco para longe. Agora, não posso pescar, e minha família está sem comida. Tudo o que conseguimos salvar foram algumas roupas. Pedimos ao governo que nos ajude", disse.

Com a destruição generalizada e a falta de recursos, as famílias tentam se reorganizar, mas enfrentam sérios desafios diários. Sem um plano de emergência eficaz e com recursos limitados, o futuro de Mecúfi permanece incerto. A tragédia expôs ainda mais as vulnerabilidades de uma região já marcada por conflitos e desigualdade social. (x)

Por: Bonifácio Chumuni

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A cidade de Pemba, capital provincial de Cabo Delgado, vive um cenário atípico nesta época do ano. A poucos dias do Natal, a devastação causada pelo ciclone “Chido” ofuscou os preparativos tradicionais e desviou as atenções da população para a reconstrução de suas casas.

No mercado grossista de Alto Gingone, conhecido por sua intensa movimentação, o habitual frenesi natalino deu lugar a um cenário de fraca atividade. Comerciantes relatam um movimento reduzido, reflexo das dificuldades enfrentadas pelas famílias locais.

“Não está fácil. Normalmente, nesta época, temos muitos clientes comprando produtos para as festas. Este ano, o movimento é fraco. As pessoas estão mais preocupadas em arranjar suas casas e não em celebrar o Natal”, lamentou Salimo Amade, vendedor de roupas e acessórios.

Zainadine Ali, comerciante de produtos alimentares, também compartilhou sua frustração.

“Eu trouxe muitos produtos pensando que o Natal traria mais clientes, mas até agora quase ninguém compra. Só nos resta esperar pelos últimos dias.”

Para muitos moradores de Pemba, as festividades deram lugar a preocupações mais urgentes. Joaquina Vasco, residente do bairro Cariacó, descreveu os desafios enfrentados.

“Minha casa ficou destruída pelo ciclone. Ainda estamos tentando juntar o pouco que temos para reabilitar o telhado. Não dá para pensar em festa quando sua família não tem onde dormir.”

Outro morador, Daniel Muchave, destacou a gravidade da situação.

“Nós precisamos de ajuda para reconstruir nossas vidas. Este ano não temos Natal, temos trabalho. A prioridade agora é reerguer as casas e garantir um lugar seguro para as crianças.”

As ruas de Pemba e as vitrines das lojas refletem o impacto do ciclone. A decoração natalina, tradicionalmente vibrante, está quase ausente. Apenas algumas lojas ainda mantêm a tradição, mas o clima geral é de apreensão e esforço coletivo.

O ciclone “Chido”, que atingiu Cabo Delgado, Nampula e Niassa recentemente, deixou marcas profundas, não apenas na infraestrutura. (x)

Por: Bonifácio Chumuni

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Uma vitória avassaladora e amplamente esperada reforça o domínio da Frelimo no cenário político moçambicano. Daniel Chapo, candidato do partido no poder, foi confirmado no dia 23 de Dezembro de 2024, pela presidente do Conselho Constitucional (CC), Lúcia Ribeiro, como o Presidente eleito de Moçambique, conquistando 65,17% dos votos válidos.

Os resultados oficiais colocam Venâncio Mondlane, do partido Podemos, na segunda posição com 24,19%, um desempenho significativo para a oposição emergente. Ossufo Momade, líder da Renamo, obteve 6,62%, enquanto  Lutero Simango, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) encerrou a disputa com 4,02%.

O processo eleitoral de 2024 foi marcado por uma mobilização recorde, com milhões de moçambicanos comparecendo às urnas. A vitória de Chapo não apenas consolida a hegemonia da Frelimo, mas também reflete o desejo da população por estabilidade e continuidade em meio a desafios políticos e econômicos.

Daniel Chapo assume o cargo em um momento crucial para Moçambique. Questões como a recuperação econômica pós-ciclones, a pacificação nas zonas afetadas pela insurgência em Cabo Delgado e o fortalecimento das instituições democráticas serão prioridades do novo governo.

A ampla margem de vitória também traz consigo grandes expectativas.

O desempenho de Venâncio Mondlane marca um avanço considerável do partido Podemos, que consolida sua posição como a principal força de oposição no país. Já o declínio da Renamo, com apenas 4,02% dos votos, acende alertas sobre o futuro da maior força histórica de oposição.

Com o anúncio oficial do CC, Daniel Chapo torna-se o líder que conduzirá Moçambique pelos próximos cinco anos, com a responsabilidade de atender às aspirações de milhões de moçambicanos e de consolidar a posição do país como um ator relevante no cenário internacional. (x)

Redação: Zumbo FM

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Cerca de 90% dos funcionários e agentes do Estado já regressaram ao distrito de Muidumbe, na província de Cabo Delgado, mesmo em meio à recente escalada de ataques terroristas que têm gerado preocupação entre os moradores locais.

De acordo com as autoridades distritais, o retorno representa um sinal de compromisso com a normalização das atividades administrativas e com o atendimento às necessidades da população, que continua enfrentando os impactos da insegurança.

"Apesar dos desafios impostos por esta nova onda de ataques, cerca de 90% dos nossos funcionários e agentes do Estado estão de volta e empenhados em cumprir com as suas responsabilidades. Isso demonstra a determinação em servir a população e manter o funcionamento dos serviços essenciais", afirmou o Administrador de Muidumbe, João Casimiro.

Entretanto, a situação ainda permanece tensa na região. Nos últimos dias, grupos armados realizaram incursões em algumas aldeias, como Mianguelewa, nas proximidades da Estrada Nacional 380, que liga os distritos da região norte da província. Os ataques resultaram em deslocamentos de famílias e no aumento do clima de instabilidade. Mesmo assim, a presença dos funcionários públicos no distrito é vista como um importante marco para o fortalecimento da confiança e da resiliência da comunidade.

Com o retorno gradual das atividades administrativas, as autoridades locais esperam que mais moradores possam se sentir encorajados a voltar para suas aldeias e reconstruir suas vidas. Enquanto isso, o apelo por maior apoio humanitário e reforço na segurança continua a ser uma prioridade para os habitantes de Muidumbe. (x)

Por: Bonifácio Chumuni

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Nesta quarta-feira, 18 de Dezembro de 2024, o Primeiro Secretário da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) em Cabo Delgado, José Kalime, anunciou um movimento de solidariedade destinado às famílias afetadas pelo ciclone tropical CHIDO, que recentemente devastou o norte do país. Durante uma conferência de imprensa em Pemba, Kalime apelou à união de esforços entre cidadãos de boa vontade e comunidades locais para prestar apoio às vítimas.

“A FRELIMO lança um amplo movimento de solidariedade interna, envolvendo cidadãos de boa vontade, para que cada um contribua com o pouco que tem em prol dos nossos concidadãos afetados pelo ciclone CHIDO. Todo apoio, seja firme e de coração, é bem-vindo. Apelamos aos 17 distritos da nossa província a abraçarem esta causa, mesmo aqueles que também foram atingidos, pois temos consciência de que nem todos foram afetados nas mesmas proporções. Vamos doar o que pudermos: alimentos, roupas usadas, cobertores, materiais domésticos, material escolar, itens de construção e outros recursos essenciais. Organizemo-nos nas nossas aldeias, residências, localidades e postos administrativos, canalizando o apoio às entidades responsáveis, que garantirão sua chegada às pessoas necessitadas”, declarou José Kalime.

Kalime destacou ainda o papel das organizações sociais do partido, especialmente os jovens, no apoio às famílias afetadas e na reconstrução das áreas devastadas.

“Chamamos a atenção especial das nossas organizações sociais, com maior enfoque nos jovens, para que se levantem e visitem os distritos afetados. Este é o momento de erguer solidariedade, de ajudar as famílias a reconstruírem suas cabanas e de limpar as áreas atingidas. Encorajamos todos a participarem nas atividades de recuperação que ocorrerão nos distritos mais afetados pelo ciclone nos próximos dias”, enfatizou o Primeiro Secretário.

Além disso, José Kalime expressou condolências às famílias que perderam entes queridos em consequência do ciclone.

“Queremos, por fim, endereçar os nossos sentimentos de pesar a todos os concidadãos que perderam seus familiares devido ao ciclone tropical CHIDO”, concluiu. (x)

Por: Zaida Abdul

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O Governo de Moçambique anunciou, nesta terça-feira, 17 de Dezembro de 2024, que está em curso o pagamento de horas extras nos setores da Educação e da Saúde. A informação foi prestada pelo porta-voz do Conselho de Ministros, Filimão Suaze, durante uma conferência de imprensa na capital do país.

Filimão Suaze destacou que o Governo tem priorizado o pagamento das horas extraordinárias relativas ao exercício de 2022, embora condicionadas a processos de verificação e validação.

“O Governo tem priorizado o pagamento dos salários e de outros suplementos, deixando o pagamento de horas extras condicionado à verificação e validação da Inspeção Geral das Finanças, Saúde e Educação. Durante o segundo semestre de 2022, constatou-se a necessidade de revisão das regras de controle e pagamento das horas extraordinárias. Este processo foi temporariamente ajustado para garantir maior consolidação. Neste contexto, o Governo está regularizando os passivos acumulados de horas extras, com destaque para os setores da Educação e da Saúde”, afirmou o porta-voz.

Em relação ao exercício de 2024, Suaze informou que está em curso uma ação de validação envolvendo técnicos das inspeções gerais das Finanças, Saúde e Educação. O objetivo é evitar a repetição de acumulações de dívidas referentes a horas extras.

“Para 2024, estão em curso ações de validação realizadas por técnicos das inspeções gerais das Finanças, Saúde e Educação, com o objetivo de evitar a acumulação de dívidas de horas extras. Adicionalmente, medidas de controle estão sendo estabelecidas para assegurar que as horas extraordinárias realizadas em um mês sejam pagas de forma tempestiva, dentro do limite do orçamento das unidades orgânicas, a partir de 2025”, acrescentou Suaze. (x)

Por: Esperança Picate

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A aparente calma no distrito de Macomia esconde uma realidade muito mais dura para as Forças de Defesa e Segurança (FDS), que continuam a enfrentar desafios imensos na luta contra o terrorismo. Após anos de confrontos intensos em Mucojo, a situação de segurança, embora relativamente tranquila, revela um cenário preocupante quanto às condições de trabalho dos militares.

Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, uma fonte anônima das FDS, no último sábado, 14 de Dezembro de 2024, descreveu a dura realidade enfrentada pelas tropas no terreno. Segundo a fonte, a alimentação é uma das maiores dificuldades, com os soldados frequentemente se contentando com uma única refeição por dia. "Ah, alimentação aonde? Aqui é normal por dia comer uma vez só, já estamos acostumados. Não comer para assaceiar, mas sim, para viver apenas", declarou o militar, evidenciando a precariedade que afeta a moral das tropas.

A situação de calma, embora tenha proporcionado um respiro para a população local, não reflecte a realidade das FDS. "A situação de terrorismo está calma por enquanto. Se não fosse, nem poderia estar a comunicar", afirmou a fonte, deixando claro que a vigilância e o combate ao terrorismo continuam sendo tarefas difíceis, com riscos constantes.

Além disso, a falta de suporte logístico adequado é uma preocupação crescente. As condições de trabalho precárias comprometem a eficácia das operações das FDS, que têm um papel central na manutenção da segurança em uma região marcada por anos de conflitos. A ausência de recursos essenciais pode comprometer a sustentabilidade da estabilidade conquistada com tanto esforço.

Em Macomia, as forças de segurança não só enfrentam o desafio de combater o terrorismo, mas também lidam com a realidade de um trabalho árduo, com escassos recursos e condições de vida que exigem uma resposta urgente das autoridades competentes para garantir que essas tropas, fundamentais para a pacificação da região, possam continuar a cumprir sua missão com a dignidade e o respeito que merecem. (x)

Por: António Bote

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A crise de segurança em Cabo Delgado continua a ser uma das mais desafiadoras para Moçambique. Desde 2017, o norte do país vive sob o impacto de uma insurgência terrorista que forçou milhares a fugir de suas casas e comprometeu a estabilidade de várias regiões. Mucojo, no distrito de Macomia, foi um dos principais focos de confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas contra os terroristas, num cenário de intensos ataques e uma luta constante pela segurança do território. Embora, nos últimos tempos, a situação tenha mostrado sinais de calma, especialmente com a presença de tropas internacionais, como as forças ruandesas, a paz ainda é frágil e a luta contra o terrorismo continua.

O apoio de tropas estrangeiras, especialmente dos militares ruandeses, foi inicialmente visto como uma luz no fim do túnel, oferecendo algum alívio para as forças locais e ajudando na estabilização da região. No entanto, o que deveria ser um reforço temporário à segurança local revelou-se, para muitos membros das FDS moçambicanas, um fator de intensificação das disparidades dentro da própria força de defesa nacional. O tratamento diferenciado entre os militares locais e os ruandeses tem gerado crescente frustração e desvalorização entre os soldados moçambicanos.

Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, realizada no último sábado, 14 de Dezembro de 2024, uma fonte anônima das FDS em Macomia revelou, com grande preocupação, a sensação de abandono e marginalização vivida pelos militares moçambicanos. A fonte destacou que, enquanto as forças ruandesas recebem tratamento diferenciado, com recursos e condições logísticas superiores, as FDS locais são deixadas à mercê de condições precárias e, frequentemente, desvalorizadas.

“A Força ruandesa que está aqui é muito valorizada, em relação a nós. Somos os donos da casa, eles são os visitantes. Não tem como termos a mesma forma de tratamento”, relatou o militar, evidenciando o abismo que separa os dois grupos no terreno.

A preocupação vai além da questão emocional e psicológica das tropas. Ela se reflete também na falta de recursos essenciais, como água potável e alimentação. As FDS moçambicanas, responsáveis pela segurança diária da população, enfrentam dificuldades para suprir suas necessidades mais básicas. A fonte das FDS de Macomia revelou que as tropas ruandesas, ao contrário, têm acesso a água mineral, não sendo forçadas a beber da água local, considerada imprópria para consumo.

"Os ruandeses não bebem essa água, usam para lavar, tomar banho. Bebem água mineral. Nós, que não somos valorizados, saímos da localidade de Mucojo às 5horas de madrugada para buscar água de beber na vila sede do distrito de Macomia, com blindados, e, só chegamos às 14 horas", lamentou o militar.

A disparidade no tratamento reflete uma divisão preocupante entre as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e as tropas estrangeiras. A ausência de apoio logístico adequado para os militares moçambicanos coloca em risco não apenas a moral das tropas, mas também a capacidade de manter a estabilidade a longo prazo na região. A falta de condições mínimas para que as FDS desempenhem seu papel de forma eficiente compromete o progresso no combate ao terrorismo, em uma região que já enfrenta enormes desafios.

A realidade descrita pela fonte das FDS de Macomia é, portanto, um reflexo de uma crise mais profunda que ameaça a sustentabilidade das vitórias obtidas até agora na luta contra o terrorismo. As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique, que têm sido a espinha dorsal no combate aos insurgentes, não podem continuar sendo tratadas como secundárias em sua própria terra. O tratamento desigual, a falta de recursos e o desrespeito por parte das autoridades não só prejudicam o moral das tropas, mas também levantam sérias questões sobre a confiança no sistema de segurança nacional e sua capacidade de garantir a paz duradoura em Cabo Delgado.

Além disso, a falta de reconhecimento da importância das FDS moçambicanas enfraquece a imagem do país perante a comunidade internacional, que espera ver um Moçambique unido na luta contra o terrorismo. As tropas ruandesas, em sua missão de apoio, devem ser valorizadas, mas isso não deve significar que as forças moçambicanas sejam desconsideradas ou deixadas em condições subumanas.

O governo moçambicano e as autoridades competentes precisam urgentemente abordar essas desigualdades, garantindo que as FDS moçambicanas recebam o devido respeito, reconhecimento e os recursos necessários para realizar suas funções com eficácia. Apenas com condições adequadas, apoio logístico e valorização, as FDS poderão garantir a segurança não apenas em Mucojo, mas em toda a província de Cabo Delgado, e, assim, contribuir de forma sólida para a estabilidade de Moçambique.

Em Mucojo, as Forças de Defesa e Segurança enfrentam uma batalha dupla: uma contra o terrorismo e outra contra as disparidades internas que minam sua capacidade de ação e sua dignidade. A desigualdade no tratamento, que persiste entre as forças nacionais e estrangeiras, é um dos maiores desafios para a manutenção da paz e da ordem na região, e sua resolução é crucial para que Cabo Delgado possa finalmente encontrar a paz duradoura que tanto almeja. (x)

Por: António Bote

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Na madrugada do dia 15 de Dezembro de 2024, a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, foi atingida com força por um novo golpe devastador: o ciclone tropical CHIDO. As chuvas torrenciais, os ventos fortes e a destruição generalizada que seguiram o impacto da tempestade trouxeram à tona o peso das dificuldades de uma região que, nos últimos anos, tem sido marcada por uma sucessão de tragédias. O ciclone, que teve sua porta de entrada no distrito de Mecufe, chegou como mais uma brutalidade para uma população já fustigada pelos ataques terroristas implacáveis e pelas feridas ainda abertas da pandemia de Covid-19.

Este novo desastre natural, que se junta a outros eventos catastróficos como o ciclone Kenet e a crise sanitária global, traz consigo uma carga de desespero que parece não ter fim. As ruas, os campos, e até os prédios comerciais e residenciais da região agora estão repletos de escombros, e o futuro da província parece mais incerto do que nunca. Como se não bastasse, o terrorismo ainda mantém uma presença ameaçadora na província, destruindo vidas e estruturas essenciais, enquanto os empresários locais enfrentam o colapso da sua capacidade de gerar emprego e sustentar a economia da região.

Em uma entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, realizada nesta quarta-feira, 18 de Dezembro de 2024, o Presidente do Conselho Empresarial e Representante da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) em Cabo Delgado, Mahumudo Irache, fez um apelo comovente e urgente ao Governo Central. Para ele, é necessário agir rapidamente diante de uma situação que já é insustentável para os empresários da região, cujos negócios foram duramente atingidos pelos desastres naturais e pela insegurança.

“O que eu pediria ao Governo Central é que olhasse a situação da província de Cabo Delgado, especialmente no que diz respeito à tributação. A província já enfrentou vários fenômenos catastróficos, como o ciclone Kenet, a pandemia de Covid-19 e o terrorismo. Agora, estamos lidando com os impactos do ciclone CHIDO. Esses problemas estão afetando as mesmas pessoas, os empresários, que não têm mais condições de pagar suas obrigações fiscais. Portanto, solicito ao Governo Central que adote uma medida para isentar os impostos na província por pelo menos cinco meses”, declarou Irache, com um tom de preocupação e um profundo senso de urgência.

O impacto dos desastres anteriores e das crises em Cabo Delgado é visível nas cicatrizes que marcam a província: muitas empresas fecharam suas portas, milhares de famílias ainda lutam para retomar suas vidas, e as marcas de uma guerra silenciosa contra o terrorismo ainda pairam sobre cada aldeia, cada esquina. Os empresários, que já estavam a lutar para se reerguer após os ciclones anteriores e os longos períodos de incerteza impostos pela pandemia, agora enfrentam a tragédia do ciclone CHIDO como uma cruel repetição de um pesadelo.

Em meio à dor, Mahumudo Irache também pediu ação governamental para ajudar a restaurar a economia local. "Durante este período, seria possível recuperar algo. Pedimos ao Governo que nos apoie, para que possamos reunir esforços e manter as nossas atividades em funcionamento", acrescentou, com uma chama de esperança que, mesmo em tempos sombrios, insiste em não se apagar. A proposta de isenção de impostos é um pedido não apenas financeiro, mas simbólico: uma oportunidade para as empresas se reerguerem e reconquistar o que foi perdido.

O apelo de Irache vai além das questões fiscais. Ele também fez um chamado à união e à resiliência dos empresários locais, que, apesar das dificuldades, continuam a lutar pela recuperação da província. “Primeiramente, quero consolar todos os empresários da província. Peço mais uma vez coragem e resiliência diante da situação. Devemos arregaçar as mangas e continuar o trabalho”, disse ele, com um espírito de solidariedade que reconhece as dores, mas também a força que se esconde em cada desafio.

Cabo Delgado, no entanto, precisa mais do que palavras. A província precisa de ações concretas e rápidas, que garantam a reconstrução das infraestruturas destruídas, a proteção das vidas humanas e, sobretudo, o apoio irrestrito às empresas locais, que são o pilar econômico da região. Sem isso, o futuro de Cabo Delgado, tão marcado por cicatrizes profundas, continuará a se desmoronar, levando consigo as esperanças de um povo que, apesar de tudo, ainda insiste em reconstruir sua dignidade e seu futuro. (x)

Por: António Bote

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