O distrito de Quissanga, Província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, sofreu ataques terríveis de grupos terroristas no início de Março de 2024, deixando a região em crise e forçando muitos a abandonarem suas casas. Agora, a situação parece ter melhorado.
O Administrador do Distrito, Sidónio José, falava este sábado, 21 de Setembro de 2024, numa entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias. Ele afirmou, afirmou que o nível de segurança que se verifica no seu Distrito esta permitir que muitas populações retorne as suas zonas de origens.
"O nível de segurança no distrito é bastante bom, e é este nível de segurança que permite cada vez mais o regresso das nossas populações às suas zonas de origem. Temos forças em todos os postos administrativos e são elas que, de fato, garantem a segurança às nossas populações. Nesses últimos dias, como consequência da calma que se vive no distrito, sobretudo com a presença maior das nossas forças, temos estado a notar cada vez mais o regresso das populações às suas terras de origem, sobretudo para a reconstrução das casas e para se empenhar na agricultura", garantiu o dirigente.
Sidónio também destacou a reabertura dos centros de saúde, mencionando:
"Estamos com um plano de reabrir todos os centros de saúde, até porque já há funcionários selecionados para irem fazer algum trabalho de rotina, ainda que seja semanalmente ou de duas em duas semanas, porque o nosso retorno deverá ser gradual, observando a medida de criação das condições no terreno. Notamos que o nível de segurança no nosso distrito é bastante positivo e, de certa maneira, encoraja-nos a lançar o sistema de saúde, que é para acompanhar o fluxo das nossas populações", prosseguiu Sidónio José.
Questionado sobre a campanha eleitoral, o governante enfatizou que esta decorre sem sobressaltos.
Sidonio José informou que, neste sábado, iniciou a formação de um pouco mais de 210 Membros das Mesas de Voto (MMVs), para garantir as eleições agendadas para 9 de Outubro, caso o nível de segurança continue o mesmo.
“Lançamos a campanha no dia previsto e, até hoje, estamos realizando a campanha em toda a nossa dimensão territorial. Já realizamos entrevistas para candidatos dos MMV e hoje começa a formação no distrito de Quissanga. A entrevista foi feita lá mesmo. Estamos falando de aproximadamente 30 meses em todo o distrito, e estão sendo formados cerca de 210 membros das Mesas de Voto. Se o nível de segurança que vivemos hoje perdurar, acreditamos que conseguiremos realizar as eleições em todos os pontos do distrito sem nenhum problema”, concluiu o Administrador do Distrito de Quissanga, Sidónio José. (x)
Por: António Bote
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O conflito armado em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma grave crise de saúde mental na província desde dos finais do ano 2017.
O Chefe de Saúde Mental na Província de Cabo Delgado, Jamal Macossa, revelou está segunda-feira, 23.09.2024, em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, que os casos de transtornos psicológicos têm aumentado drasticamente nos últimos anos, particularmente desde 2021.
Jamal Macossa descreve um cenário alarmante, com sintomas como depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, distúrbios comportamentais e fobias a proliferar entre as pessoas vítimas do terrorismo.
"Os últimos dados mostram um aumento significativo dos casos de saúde mental. Nestes locais de reassentamento, vemos muitos pacientes a apresentar sintomas de depressão e ansiedade. Há pessoas que acordam a gritar no meio da noite devido a pesadelos recorrentes. Além disso, o consumo excessivo de álcool tem crescido, como uma tentativa de esquecer os traumas vividos", afirmou Macossa.
A fonte sublinhou que nos centros de reassentamento, grande parte da população deslocada vive em condições precárias, e o impacto psicológico é ainda mais evidente.
"Imagine alguém que vivia numa casa melhor e agora está a dormir numa cabana. Muitos acreditam que a vida já não tem sentido", sublinhou o chefe da saúde mental.
Apesar dos esforços das equipas de saúde, que realizam rastreios domiciliares para identificar casos de doenças mentais e encaminhá-los às unidades sanitárias, Macossa reconhece que nem todos aceitam procurar ajuda.
"Muitas pessoas têm medo de serem estigmatizadas como 'malucas' e não querem ir às consultas de saúde mental", lamentou.
Outro desafio grave apontado é a escassez de recursos para lidar com o trauma psicológico causado pelo conflito. Segundo Macossa, a falta de apoio humanitário consistente, especialmente em áreas como Chiúre, onde deslocados chegam a ficar meses sem receber alimentos, agrava ainda mais a situação.
"Quando vamos prestar apoio psicológico, encontramos pessoas exaustas e famintas, o que dificulta o nosso trabalho. Não podemos oferecer apoio a quem está em sofrimento físico e psicológico ao mesmo tempo", concluiu.
Com a redução contínua do apoio humanitário, a situação se torna cada vez mais crítica, aumentando o risco de que Cabo Delgado enfrente, no futuro próximo, uma crise de saúde mental ainda maior, com uma população predominantemente afectada por desvios comportamentais. (x)
Por: António Bote
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À medida que a campanha eleitoral se intensifica para as sétimas eleições gerais de Moçambique, marcadas para o dia 09 de Outubro de 2024, a população está cada vez mais atenta às propostas e perfis dos candidatos. Este período é crucial para entender as prioridades e preocupações dos eleitores, em um contexto marcado por desafios sociais e econômicos.
A eleição deste ano é particularmente significativa, pois ocorre em um ambiente de crescente descontentamento popular em relação a questões como a corrupção, a pobreza, desigualdade social e o terrorismo em Cabo Delgado. O país, que tem lutado para superar as cicatrizes de um passado de conflitos e instabilidade, vê na próxima eleição uma oportunidade para a mudança.
Participe da nossa sondagem!
Diante desse cenário, queremos saber sua opinião:
A quem você votaria para ser o próximo presidente de Moçambique?
1. Movimento Democrático de Moçambique (MDM) - Lutero Simango;
2. Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) - Daniel Chapo;
3. Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS) - Venacio Mondlane;
4. Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO) - Ossufo Momade.
Por favor, deixe também suas razões para a escolha! Sua participação é fundamental para enriquecer o debate democrático.
A sondagem estará aberta até o dia 07 de Outubro de 2024. Junte-se a nós e ajude a moldar a conversa sobre o futuro do nosso país! (x)
Por: António Bote
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O Governo de Mocímboa da Praia, no norte da Província de Cabo Delgado, implementou restrições de circulação em resposta a suspeitas de infiltração de terroristas nas comunidades locais. A decisão segue um ataque ocorrido no dia 1 de setembro, quando uma patrulha Ruandeza foi atacada por insurgentes no bairro Nachomle, resultando na morte de uma mulher durante o tiroteio.
O Administrador do Distrito de Mocimboa da Praia, Sérgio Cipriano, destacou que a medida visa fortalecer a segurança, especialmente em áreas vulneráveis.
Em entrevista à Zumbo FM Notícias, nesta terça-feira, 24 de setembro de 2024, o governante afirmou.
“Essas restrições fazem parte de um esforço para monitorar a segurança do distrito, que enfrenta ameaças terroristas.”- disse o Administrador do Distrito, Sérgio Cipriano.
As restrições incluem a limitação da circulação de motociclistas e taxistas durante a noite, permitindo que as forças de segurança tenham mais espaço para atuar.
“Em uma zona suscetível a ações terroristas, essa medida é essencial para garantir a segurança da população”, enfatizou Cipriano.
Mocímboa da Praia, marcada por uma história de violência desde o primeiro ataque em outubro de 2017, ainda luta para se recuperar. A cidade foi devastada, com muitas infraestruturas e serviços essenciais destruídos. A região, rica em gás natural, continua a ser alvo de insurgências associadas ao Estado Islâmico, agravando a insegurança e a vulnerabilidade da população local. (x)
Por: Bonifácio Chumuni
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A Presidente do Conselho Municipal de Mocímboa da Praia, Helena Bandeira, afirmou que está gerindo um Município em estado de falência, com os cofres vazios. Durante uma declaração à emissora pública moçambicana, nesta terça-feira, 23 de setembro de 2024.
“Nós encontramos os cofres vazios e, neste momento, estamos a funcionar com o Fundo de Compensação Autárquica e só dá para cobrir os salários.”- disse a Helena Bandeira, presidente da vila de Mocímboa da Praia.
Helena Bandeira explicou que a autarquia não consegue cobrar taxas e impostos, pois os moradores sobreviventes do terrorismo ainda estão se reerguendo após perderem quase tudo.
“As contas do município estão bloqueadas neste momento devido à falta de movimentação. Temos, nesse caso, duas contas: a de receitas e a da folha de pagamento”, acrescentou a Edil de Município de Mocimboa da Praia.
“Nós precisamos de pelo menos 200 milhões de meticais para reabilitar as infraestruturas e pedimos ajuda.” - apelou a Edil do Município.
A Presidente do Muncipio de Mocímboa da Praia, Helena Bandeira, disse ainda que há uma necessidade urgente de se reerguer a comunidade, que ainda enfrenta os efeitos devastadores do extremismo violento.(x)
Por: Bonifácio Chumuni
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No dia 17 de Setembro de 2024, ocorreram três acidentes de viação na Província de Cabo Delgado,no norte de Moçambique, resultando na morte de duas pessoas e um ferido. Um dos óbitos aconteceu no distrito de Mueda, na aldeia de Chude, enquanto o ferido e o outro óbito foram registrados no Distrito de Metuge, na aldeia de Nanlia.
A informação foi divulgada na segunda-feira, 23 de Setembro de 2024, pela porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Pemba, Eugénia Nhamusua, durante um briefing semanal.
A porta-voz explicou que, as causas dos sinistros são outra passagem irregular e o excesso de velocidade.
”Os acidentes de viação, tivemos três casos como referenciamos anteriormente sendo que tivemos choque entre carro, choque contra obstáculo fixo atropelamentos carro peão, causas ultrapassagem irregular excesso de velocidade.”-disse a Porta-voz da PRM, Eugenia Nhamusua.
Nhamusua apelou a população para respeitar as regras de trânsito, a fim de evitar sinistralidade nas vias públicas.
”Aos utentes da via pública, apelamos para que respeitem as regras de trânsito, para prevenir a ocorrência de acidentes de viação”, concluiu.(x)
Por: Nazma Mahando
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O Distrito de Quissanga dista cerca de 102 quilômetros da Cidade de Pemba e o Governo foi obrigado a abandonar o distrito após ataque e ocupação por parte de terroristas.
Já se passam quase cerca de 7 meses que o Governo do Distrito de Quissanga, em Cabo Delgado, norte de Moçambique, trabalham na Cidade de Pemba.
O Governo de Quissanga enfrenta uma incerteza, após quase 7 meses refugiada em Pemba, devido à destruição das infraestruturas pelos terroristas no início de Março de 2024, não tem data para retornar ao seu território.
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, o Administrador de Quissanga, Sidónio José, destacou a gravidade da situação, que tem dificultado a retomada das actividades administrativas.
“Qualquer funcionamento de um governo ou de uma organização tem como condição primordial a existência de infraestrutura,” afirmou esta sexta-feira, Sidónio José, enfatizando os desafios que a gestão à distância impõe. A ausência de condições adequadas tem dificultado a execução efectiva de serviços essenciais para a população.
Entretanto, uma luz no fim do túnel pode ser a chegada de tendas residenciais para funcionários do Governo.
"Na próxima semana, esperamos iniciar a montagem dessas tendas, permitindo que, paulatinamente, comecemos a pensar no retorno ao nosso distrito," afirmou Sidónio com esperança.
Segundo o dirigente, administração enfrenta outros desafios significativos, como a falta de meios de transporte, que são cruciais para garantir a assistência às comunidades.
"O distrito de Quissanga está desprovido de meios de transporte e infraestruturas, mas o governo está a fazer esforços enormes para resolver este problema a breve trecho," garantiu.
Sidónio José ressaltou que, apesar da situação, o governo está em contato contínuo com a população, buscando atender suas necessidades. "Estamos a prestar os apoios necessários em toda a extensão do nosso território," afirmou.
O Administrador de Quissanga, finalizou a entrevista com uma mensagem de esperança, reafirmando o compromisso do governo em resolver os problemas enfrentados pelo distrito.
"O governo não está alheio aos problemas que o distrito enfrenta e está empenhado no retorno das populações, na criação de condições básicas."
Enquanto a situação em Quissanga continua a evoluir, a determinação da administração em superar os desafios reflecte a resiliência da comunidade local em face da adversidade. (x)
Por: António Bote
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O General Freitas Norte, Porta-voz das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), declarou ontem, 19 de setembro de 2024, em Maputo que a situação em Cabo Delgado está sob controlo. A declaração foi feita durante o lançamento de atividades complementares em celebração ao Dia das Forças Armadas de Defesa Nacional, que se aproxima.
De acordo com o General, as FADM realizaram verificações ao longo da costa de Macomia, incluindo nas áreas de Pangane, Mucojo e Quiterajo. Segundo ele, não foram detectadas presenças efetivas do inimigo nessas zonas. "Nós estivemos lá, fizemos alguma verificação. O inimigo não se encontra lá. Se vai para lá, vai por situações esporádicas, à procura de alguma assistência logística", afirmou.
O General Freitas Norte também indicou que o inimigo está confinado a determinados pontos e encontra-se em posição defensiva, sem capacidade ofensiva significativa. "Cabo Delgado está estabilizada. O inimigo está confinado em algum ponto, numa posição defensiva", concluiu.
Este pronunciamento surge num momento de crescente expectativa quanto à segurança na província de Cabo Delgado, onde as FADM continuam atentas às movimentações do inimigo e ao fortalecimento da estabilidade na região.(x)
Por: Rafael Cocorico
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O Governo de Moçambique planeja proibir a importação de equipamentos de refrigeração e climatização que utilizam o gás R22, devido ao seu impacto nocivo à saúde e ao meio ambiente.
A informação foi divulgada no dia 19 de Setembro de 2024, pelo Leonardo Sulila, em representação da Direcção Nacional de Mudanças Climáticas no Ministério da Terra e Ambiente.
Leonardo Sulila destacou que sua instituição tem trabalhado para agilizar a conversão de tecnologias que utilizam gases prejudiciais.
"O sector de saúde está atrasado na conversão de tecnologias. Já alertamos os representantes do Ministério da Saúde, que estão colaborando com o Ministério da Terra e Ambiente, para que persuasão junto das instâncias superiores seja feita. É urgente tomar medidas que corrijam essa morosidade na transição para gases alternativos, pois temos disponíveis, em nível nacional, equipamentos e gases alternativos que podem ser utilizados", afirmou Leonardo Sulila.
Leonardo Sulila falava em Boane, na Província de Maputo, durante uma capacitação técnica destinada a agentes das alfândegas sobre a Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono. (x)
Por: Nazma Mahando
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Trata-se de uma lei que preconiza vários elementos, alguns deles sendo a reforma dos agentes da Polícia da República de Moçambique e outro era de que a PRM tivesse autorização para investigar crimes. No entanto, a lei não foi aprovada em duas legislaturas, apesar de ser a FRELIMO a dominar aquela magna casa. Indignado pelas duas recusas, o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, na sua visita de trabalho na cidade Pemba, criticou o Governo por reprovar a lei da polícia.
Entretanto, para entender melhor o que está por detrás destas recusas daquela lei, a Zumbo FM Notícias desencadeou um trabalho investigativo na segunda e terceira semana de Setembro de 2024, ouvindo vários académicos do país.
Um académico e docente universitário baseado em Cabo Delgado, que preferiu não revelar o nome, foi longe demais ao afirmar que o parlamento está a reprovar a lei porque tem medo de a PRM descobrir vários negócios “sujos” praticados pelo Governo e não só.
"O maior número dos deputados da Assembleia da República é composto por membros da FRELIMO. Então, eles estão a ver que se a polícia fizer uma investigação criminal para além do SERNIC, é certo que muitos negócios sujos que esses senhores que estão no topo fazem serão descobertos. Por isso, a lei não está sendo aprovada", revelou.
Entrevistamos ainda outro académico, baseado na Província de Sofala, João Chimbia, que considera que a lei não está a ser aprovada devido à ausência da congruência por parte da mesma.
"Por um lado, o que eu percebi dessa tal lei que o comandante-geral faz referência é que o ponto mais crucial desta lei era a Tenente a reforma que está em vigor no país ao nível do funcionário público. Em algum momento, temos vindo a ter reformas compulsivas; com 60 anos, as pessoas não podem mais estar no aparelho de Estado a trabalhar. Entretanto, a lei que incorpora isso, de que a proposta da polícia era que a polícia devia prolongar os anos para 75 anos, não estava aprovada, não estava nesse tipo de assunto, daí que não podia passar, porque não estava na base daquilo que difere antes de 60 anos para toda a função pública, além dos outros elementos aí."
João Chimbia foi sintético ao afirmar que o Comandante-Geral da PRM foi infeliz demais ao criticar o Governo usando as mídias. Ele entende ainda que, por um lado, percebe-se que Bernardino Rafael esteja a causar uma revolução dentro da polícia.
"O comandante ficou infeliz em reclamar ao público, porque nós não sabemos o porquê; eles têm fórum próprio para reclamar isso, têm seu próprio ministério para poder colocar o documento em causa e discutir. Então, eu vejo que talvez houve um exagero por parte do Comandante-Geral da polícia em ter que falar às mídias sobre esse tipo de relação; parece que acaba ressuscitando uma revolução dentro da polícia, fica dúvidosa essa reclamação."
Segundo Chimbia, para além da Assembleia da República, o Governo não concordava com a lei.
"Alguns deputados rebateram esse assunto; não reprovaram, porque o que estava a pedir não estava de acordo com o consenso do próprio governo, no geral."
Num momento em que o país enfrenta uma evolução de diferentes crimes, com destaque para os sequestros, o académico entende que a reprovação da lei pode estar na origem destes crimes, ou seja, a polícia está a trabalhar sem vontade porque se sente injustiçada.
"A área é sensível; estamos a falar de Segurança Pública. Se aquele que garante a ordem vem ao público dizer que o governo não está a ouvi-los, isso mostra um perigo, porque pode resultar em um pensamento errado nisso. Mas, é uma agitação em suma. Depois, é no momento em que temos informações de que sequestros de pessoas, as mesmas pessoas vítimas dos sequestros, estão a indicar uma parte de elementos da polícia que estão associados à polícia. Então, acaba por haver um desleixo no controle, porque acham que estão sendo injustiçados. Então, se são eles que quando os outros clamam e vão à rua impedindo as marcas, exigindo seus direitos."
Chimbia entende que fica sem sentido a polícia de proteção investigar crimes, uma vez que o Serviço Nacional de Investigação Criminal é um ramo da polícia especializado para o efeito.
"Aqui em Moçambique, temos a Polícia de Investigação Criminal, que é um ramo da Polícia da República de Moçambique. Então, o SERNIC é a polícia preparada para a investigação criminal. Se houver outras pessoas a fazer o mesmo trabalho, significa que estaríamos a duplicar esse trabalho em duas áreas. Assim, as áreas estão divididas em cada especialidade da polícia."
A Zumbo FM Notícias entrevistou outro académico residente em Pemba, Província de Cabo Delgado, Frederico João, que entende a recusa da lei da polícia como sendo um atentado à democracia e direitos humanos.
"Em relação à lamentação do Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique, pelo Parlamento não ter aceito discutir a recente proposta da polícia que já vai para mais de duas legislaturas, os bem entendidos na matéria dizem que isso tem sido um autêntico perigo para a democracia e os direitos fundamentais do cidadão, caso seja aprovada. Eu acredito que o Parlamento, que é majoritariamente composto pelo partido FRELIMO, que está no governo, sabiamente não aceitou isso. A não querer discutir isso carece de uma profunda reflexão em torno desta lei."
Frederico João enfatizou que a situação actual vivida em Moçambique carece de democracia. No entender de Frederico João, um dos motivos que influenciou a reprovação da lei foi por não ser apresentada à população.
"Eu acredito que na situação atual, que nós vivemos, a conjuntura global exige uma tentativa de fortalecer a democracia, e principalmente os direitos fundamentais do cidadão. Portanto, é preciso conjugar essa lei em relação aos outros órgãos de soberania, que provavelmente isso poderia criar uma aflição. Então, é necessário que a polícia, proponente desta lei, reconsidere e faça uma reflexão ou uma auscultação pública em que o cidadão possa participar plenamente; é a população e a comunidade. Por isso, existe aquela ligação entre a polícia e a população. Então, é bom que a população participe na elaboração desta lei, de modo que salvaguarde todos os interesses da nação."
Frederico João defende a necessidade de uma profunda reflexão em torno da lei.
"É preciso que esta lei não venha a criar mais estresse dentro da sociedade. Significa que deve ser aprofundada e bem discutida, onde toda a população seja auscultada para perceber de antemão o que realmente contém isso, porque se o Parlamento não aprova, significa que está ao lado do povo, ou seja, representa o povo. Então, está a agir em nome do povo. Se o povo não sabe o que está a acontecer, claramente há uma cautela em não aceitar discutir isso, porque trata-se de um sector muito sensível", disse o académico baseado em Pemba, Frederico João.
Sem gravar, a Zumbo FM Notícias ouviu um membro da Polícia da República de Moçambique que está bem posicionado na província de Sofala, este, bem agastado com a situação, disse apenas que actualmente a polícia trabalha sem vontade. Aliás, até que o Comandante-Geral da PRM desabafou que o trabalho da polícia é desencadeado sem eficácia devido à não aprovação da lei. (x)
Por: António Bote
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